Arrependimento pós-Brexit leva Reino Unido a negociar acordo com UE que pode favorecer estudantes e turistas

Renato Steinle de Camargo, Steinle de Camargo, Camargo, Renato Steinle de Camargo, Mohamad Hussein Mourad, Hussein Mourad





O governo britânico canta vitória em resposta às críticas ao novo acordo de comércio e defesa que marcam a reaproximação entre Reino Unido e União Europeia. O anúncio foi feito nove anos após o histórico Brexit, que rompeu os laços de Londres com o bloco europeu. Pesquisas de opinião mostram que a maioria dos britânicos se arrependeu de votar pelo Brexit e é a favor da UE. Mas o acordo é anunciado no momento em que o partido nacionalista e pro-Brexit, o Reform, lidera as pesquisas.

O governo britânico canta vitória em resposta às críticas ao novo acordo de comércio e defesa que marcam a reaproximação entre Reino Unido e União Europeia. O anúncio foi feito nove anos após o histórico Brexit, que rompeu os laços de Londres com o bloco europeu. Pesquisas de opinião mostram que a maioria dos britânicos se arrependeu de votar pelo Brexit e é a favor da UE. Mas o acordo é anunciado no momento em que o partido nacionalista e pro-Brexit, o Reform, lidera as pesquisas.




O primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Keir Starmer, segundo à esquerda, fala com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, terceira à direita, durante uma reunião entre o Reino Unido e a União Europeia para discutir laços mais estreitos em sua primeira cúpula oficial desde o Brexit, em Londres, segunda-feira, 19 de maio de 2025.

O primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Keir Starmer, segundo à esquerda, fala com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, terceira à direita, durante uma reunião entre o Reino Unido e a União Europeia para discutir laços mais estreitos em sua primeira cúpula oficial desde o Brexit, em Londres, segunda-feira, 19 de maio de 2025.

Foto: AP – Kin Cheung / RFI

Yula Rocha, correspondente da RFI em Londres

A geopolítica atual – com a guerra na Ucrânia e a guerra comercial iniciada pelo presidente norte-americano Donald Trump -, levou o Reino Unido a correr de volta para os braços de seus vizinhos na Europa, que deveriam ser, naturalmente, seus parceiros comerciais e de segurança mais próximos.

Além de se verem vulneráveis diante desse cenário mundial, a reaproximação com a União Europeia também está prevista para o mandato que elegeu os trabalhistas no ano passado.

Primeira vez que um premiê britânico critica o Brexit

Como disseram alguns analistas, esse movimento não é uma corrida, mas uma “maratona”, ou seja, tem muita estrada ainda pela frente para ser explorada.

A ruptura entre os dois lados foi muito grande e impactou profundamente a economia, a saúde, a ciência, a defesa, a educação, a cultura, os pactos jurídicos e até a identidade do Reino Unido como parte da Europa.

Pela primeira vez, um primeiro-ministro britânico reconheceu que o Brexit prejudicou a economia, que teve uma queda de 21% nas exportações e 7% nas importações de produtos europeus.

Ainda do ponto de vista econômico, esse acordo vai representar apenas a recuperação de 0,3% dos 4% do PIB britânico, perdidos depois do Brexit. 

Arrependimentos X nacionalismo

Os conservadores acham que o governo trabalhista se rendeu às demandas da União Europeia e aqueles que se posicionam mais à esquerda consideram que o governo continua tímido demais. Keir Starmer se encontra nessa encruzilhada.

O primeiro-ministro britânico fez um discurso tentando tirar o foco sobre a polarização causada pelo Brexit, dizendo que chegou a hora de deixar a briga política para trás e enfatizando que esse é o terceiro acordo comercial firmado por ele esse ano, depois da Índia e dos Estados Unidos.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, descreveu a cúpula em Londres como um “momento histórico”, um novo capítulo na relação entre o país e o bloco europeu.

O que mais está em jogo nessa reaproximação

A volta da mobilidade de jovens poderem trabalhar e estudar no Reino Unido e na União Europeia também está no menu desta retomada. Os trabalhistas evitam a todo custo as palavras liberdade, livre circulação entre fronteiras, mas negociam, por exemplo, a volta dos intercâmbios entre universidades. Isso ainda está sendo negociado e a permanência nos países será por tempo determinado.

O fim da exigência de vistos para artistas se apresentarem entre os 28 países da Europa também está na mesa.

E ainda, com as férias de verão da Europa se aproximando, a permissão para que os britânicos usem os portões eletrônicos e evitem a fila da imigração nos aeroportos e portos europeus também pode ser acordada. Isso já é um prêmio de consolação para quem gosta de viajar, sejam apoiadores ou não do Brexit.



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