Ex-premiê francês convoca países ocidentais a isolar Israel para evitar ‘limpeza étnica’ em Gaza

Renato Steinle de Camargo, Steinle de Camargo, Camargo, Renato Steinle de Camargo, Mohamad Hussein Mourad, Hussein Mourad





Uma das principais vozes na França contra a guerra na Faixa de Gaza, o ex-primeiro-ministro Dominique de Villepin, fez um apelo nesta terça-feira (20) para que os países ocidentais reajam diante da intensificação dos ataques israelenses na Faixa de Gaza. Segundo ele, o “isolamento econômico e estratégico” de Israel pode ser uma saída para poupar o enclave palestino de uma limpeza étnica.

Uma das principais vozes na França contra a guerra na Faixa de Gaza, o ex-primeiro-ministro Dominique de Villepin, fez um apelo nesta terça-feira (20) para que os países ocidentais reajam diante da intensificação dos ataques israelenses na Faixa de Gaza. Segundo ele, o “isolamento econômico e estratégico” de Israel pode ser uma saída para poupar o enclave palestino de uma limpeza étnica.




O ex-primeiro ministro francês, Dominique de Villepin, em foto de arquivo. Paris, 4 de abril de 2025.

O ex-primeiro ministro francês, Dominique de Villepin, em foto de arquivo. Paris, 4 de abril de 2025.

Foto: AFP – JOEL SAGET / RFI

Em entrevista à emissora Franceinfo, Villepin denunciou o plano israelense para a Faixa de Gaza. “Após a reocupação, a segunda etapa será a deportação”, prevê, dizendo temer uma “depuração étnica” e “limpeza territorial”.

Para o ex-premiê, os líderes europeus têm consciência deste projeto, mas resistem em tomar medidas efetivas. Por isso, Villepin diz acreditar que três iniciativas que podem barrar a incursão israelense em Gaza: a suspensão imediata do acordo europeu com Israel, a imposição de um embargo sobre as armas europeias e a mobilização do Tribunal Penal Internacional para o julgamento de todo o governo Netanyahu e as principais autoridades militares do país. 

“Se quiserem parar o que está acontecendo hoje, é preciso deixar claro para Israel que haverá um antes e um depois” da guerra na Faixa de Gaza, enfatizou.

Críticas a Macron

Villepin também não poupou críticas à atitude que o presidente francês, Emmanuel Macron, vem adotando diante do massacre da população de Gaza. “Qual credibilidade podemos ter sobre a questão ucraniana quando somos capazes apenas de assinar comunicados?”, questionou, referindo-se ao documento divulgado na segunda-feira (19) pela França, junto com Canadá e Reino Unido, condenando as operações no enclave palestino. 

O comunicado conjunto é classificado por Villepin de “terrivelmente impotente”. No texto, Macron, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, ameaçam Netanyahu de “medidas concretas” caso não coloque um fim à sua ofensiva militar. “O que é preciso para que os dirigentes europeus, os dirigentes ocidentais, ajam na prática?”, questionou o ex-premiê. 

Apesar das críticas de Villepin, a iniciativa do presidente tem forte repercussão na França. Para o jornal Le Monde, Macron lidera um movimento de condenação inédito contra a guerra na Faixa de Gaza, “acentuando a pressão a Israel”. A declaração ainda condena “a linguagem odiosa utilizada por membros do governo israelense e a ameaça de um deslocamento forçado de civis” e ressalta que os três países não permanecerão “de braços cruzados” enquanto “Netanyahu dá sequência às ações escandalosas”.

Personalidade política preferida dos franceses

Advogado e diplomata, Dominique de Villepin foi ministro das Relações Exteriores e do Interior no início dos anos 2000, antes de ser nomeado primeiro-ministro durante o segundo mandato do presidente Jacques Chirac. Autodeclarado “da direita social”, ele é atualmente a personalidade política preferida na França, segundo pesquisa do instituto Ifop-Fiducial publicado na segunda-feira.

O ex-premiê vem conquistando a opinião pública com fortes declarações em defesa da população da Faixa de Gaza e sobre a crise diplomática entre a França e a Argélia. Villepin é apoiado tanto pela esquerda (55%) – principalmente pelos simpatizantes da esquerda radical França Insubmissa (65%) – quanto pela direita (55%), com 70% de opiniões positivas entre os simpatizantes do partido conservador Os Republicanos (70%). 

O ex-primeiro-ministro, que ganhou atenção do mundo inteiro por um contundente discurso na ONU contra a guerra no Iraque em 2003, não confirma, mas deixa transparecer suas ambições para uma eventual candidatura às eleições presidenciais francesas de 2027. 

(RFI com agências)



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