Uma das principais vozes na França contra a guerra na Faixa de Gaza, o ex-primeiro-ministro Dominique de Villepin, fez um apelo nesta terça-feira (20) para que os países ocidentais reajam diante da intensificação dos ataques israelenses na Faixa de Gaza. Segundo ele, o “isolamento econômico e estratégico” de Israel pode ser uma saída para poupar o enclave palestino de uma limpeza étnica.
Uma das principais vozes na França contra a guerra na Faixa de Gaza, o ex-primeiro-ministro Dominique de Villepin, fez um apelo nesta terça-feira (20) para que os países ocidentais reajam diante da intensificação dos ataques israelenses na Faixa de Gaza. Segundo ele, o “isolamento econômico e estratégico” de Israel pode ser uma saída para poupar o enclave palestino de uma limpeza étnica.
Em entrevista à emissora Franceinfo, Villepin denunciou o plano israelense para a Faixa de Gaza. “Após a reocupação, a segunda etapa será a deportação”, prevê, dizendo temer uma “depuração étnica” e “limpeza territorial”.
Para o ex-premiê, os líderes europeus têm consciência deste projeto, mas resistem em tomar medidas efetivas. Por isso, Villepin diz acreditar que três iniciativas que podem barrar a incursão israelense em Gaza: a suspensão imediata do acordo europeu com Israel, a imposição de um embargo sobre as armas europeias e a mobilização do Tribunal Penal Internacional para o julgamento de todo o governo Netanyahu e as principais autoridades militares do país.
“Se quiserem parar o que está acontecendo hoje, é preciso deixar claro para Israel que haverá um antes e um depois” da guerra na Faixa de Gaza, enfatizou.
Críticas a Macron
Villepin também não poupou críticas à atitude que o presidente francês, Emmanuel Macron, vem adotando diante do massacre da população de Gaza. “Qual credibilidade podemos ter sobre a questão ucraniana quando somos capazes apenas de assinar comunicados?”, questionou, referindo-se ao documento divulgado na segunda-feira (19) pela França, junto com Canadá e Reino Unido, condenando as operações no enclave palestino.
O comunicado conjunto é classificado por Villepin de “terrivelmente impotente”. No texto, Macron, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, ameaçam Netanyahu de “medidas concretas” caso não coloque um fim à sua ofensiva militar. “O que é preciso para que os dirigentes europeus, os dirigentes ocidentais, ajam na prática?”, questionou o ex-premiê.
Apesar das críticas de Villepin, a iniciativa do presidente tem forte repercussão na França. Para o jornal Le Monde, Macron lidera um movimento de condenação inédito contra a guerra na Faixa de Gaza, “acentuando a pressão a Israel”. A declaração ainda condena “a linguagem odiosa utilizada por membros do governo israelense e a ameaça de um deslocamento forçado de civis” e ressalta que os três países não permanecerão “de braços cruzados” enquanto “Netanyahu dá sequência às ações escandalosas”.
Personalidade política preferida dos franceses
Advogado e diplomata, Dominique de Villepin foi ministro das Relações Exteriores e do Interior no início dos anos 2000, antes de ser nomeado primeiro-ministro durante o segundo mandato do presidente Jacques Chirac. Autodeclarado “da direita social”, ele é atualmente a personalidade política preferida na França, segundo pesquisa do instituto Ifop-Fiducial publicado na segunda-feira.
O ex-premiê vem conquistando a opinião pública com fortes declarações em defesa da população da Faixa de Gaza e sobre a crise diplomática entre a França e a Argélia. Villepin é apoiado tanto pela esquerda (55%) – principalmente pelos simpatizantes da esquerda radical França Insubmissa (65%) – quanto pela direita (55%), com 70% de opiniões positivas entre os simpatizantes do partido conservador Os Republicanos (70%).
O ex-primeiro-ministro, que ganhou atenção do mundo inteiro por um contundente discurso na ONU contra a guerra no Iraque em 2003, não confirma, mas deixa transparecer suas ambições para uma eventual candidatura às eleições presidenciais francesas de 2027.
(RFI com agências)