Governo italiano contesta lei sobre terceiro mandato

Renato Steinle de Camargo, Steinle de Camargo, Camargo, Renato Steinle de Camargo, Mohamad Hussein Mourad, Hussein Mourad





Ação vai na contramão de decisão aprovada na província de Trento

19 mai
2025
– 16h29

(atualizado às 17h09)

O governo italiano contestou nesta segunda-feira (19) uma lei aprovada recentemente na província autônoma de Trento que aumenta de dois para três a quantidade de mandatos consecutivos de um governador local.

A medida trentina, que terá sua legitimidade julgada pelo Tribunal Constitucional, poderá favorecer o atual ocupante do cargo, Maurizio Fugatti, do partido ultranacionalista Liga, que aspira um terceira mandato. No entanto, a questão causou polêmica, tanto que expoentes da sigla do vice-premiê e ministro de Infraestrutura, Matteo Salvini, se manifestaram em sentido contrário.

A decisão do governo italiano aconteceu pouco tempo após a mesma corte ter estabelecido a inconstitucionalidade de uma lei regional na Campânia que, na prática, visava permitir o governador Vincenzo De Luca, do centro-esquerdista Partido Democrata (PD), a concorrer a um terceiro mandato consecutivo.

“Consideramos isso um ato institucional gravíssimo contra as prerrogativas da autonomia trentina, com um claro valor político. As autonomias especiais, como o Tribunal Constitucional afirmou nas entrelinhas na decisão da Campânia, que têm poder legislativo exclusivo nesta matéria. Portanto, consideramos isso um ato contra a autonomia do Trentino”, declarou Fugatti.

Salvini afirmou que um terceiro mandato em Trento “não é nenhum problema”, pois é uma “questão local”. Já o vice-premiê e ministro das Relações Exteriores, Antonio Tajani, avaliou que “prevalece sempre a lei nacional”.

A ação do governo de Giorgia Meloni deverá agravar as já tensas diferenças entre os partidos Irmãos da Itália (FI) e Liga em questões regionais.

“Na questão do terceiro mandato para governadores regionais, a centro-direita está em desordem. A prova disso veio com a divisão interna no governo que decidiu contestar a lei eleitoral de Trento, com a oposição da Liga”, declarou Vanessa Camani, líder do PD no Conselho Regional do Vêneto. 



Veja Mais