Uma organização humanitária apoiada pelos Estados Unidos disse nesta quarta-feira que começará operações em Gaza até o fim de maio e pediu a Israel que permita o início do envio da ajuda desde já, seguindo os procedimentos existentes até que sua estrutura esteja montada.
Nenhuma ajuda humanitária foi entregue a Gaza desde 2 de março, e um monitor global da fome alertou que meio milhão de pessoas — um quarto da população local — estão passando fome. Desde o início da guerra em Gaza, em outubro de 2023, as entregas de ajuda têm sido feitas por organizações internacionais e agências da Organização das Nações Unidas (ONU).
A recém-criada Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), em vez disso, distribuirá ajuda em Gaza a partir dos chamados locais de distribuição segura, mas disse que o plano atual de Israel de permitir apenas alguns desses pontos no sul de Gaza precisa ser ampliado para incluir o norte.
“A GHF enfatiza que uma resposta humanitária bem-sucedida deve, cedo ou tarde, incluir toda a população civil de Gaza”, escreveu o diretor-executivo da fundação, Jake Wood, em uma carta ao governo israelense.
“A GHF solicita respeitosamente que as Forças de Defesa de Israel (IDF) identifiquem e eliminem conflitos em locais suficientes no norte de Gaza capazes de abrigar pontos de distribuição seguros operados pela GHF que possam operar dentro de 30 dias”, escreveu.
Wood pediu a Israel que facilite o fluxo de ajuda suficiente “usando os mecanismos existentes” até que a infraestrutura de distribuição da GHF esteja totalmente operacional, afirmando que isso é essencial para “aliviar a pressão humanitária contínua, bem como diminuir a pressão sobre os locais de distribuição durante nossos primeiros dias de operação”.
A empresa de segurança norte-americana UG Solutions e a Safe Reach Solutions, com sede nos EUA, de logística e planejamento, estariam envolvidas nas operações da fundação, disse uma fonte familiarizada com os planos, falando sob a condição de anonimato.
PREOCUPAÇÃO
Após o anúncio da GHF, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) disse que as preocupações com a distribuição de ajuda continuam.
“A ajuda humanitária não deve ser politizada nem militarizada. O nível de necessidade entre os civis em Gaza neste momento é esmagador, e a ajuda precisa ser autorizada a entrar imediatamente e sem impedimentos”, disse o porta-voz do CICV, Steve Dorsey.
Israel acusou o Hamas de roubar a ajuda, o que o grupo militante palestino nega, e está bloqueando as entregas humanitárias até que o Hamas liberte todos os reféns restantes.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, disse mais cedo nesta quarta-feira que Israel endossou o que ele chamou de “plano humanitário norte-americano”. A missão de Israel na ONU não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre a carta de Wood.