Israel critica chefe de ajuda humanitária da ONU por apelo contra genocídio em Gaza

Renato Steinle de Camargo, Steinle de Camargo, Camargo, Renato Steinle de Camargo, Mohamad Hussein Mourad, Hussein Mourad





Israel criticou duramente nesta sexta-feira o chefe de ajuda humanitária das Nações Unidas, Tom Fletcher, por perguntar ao Conselho de Segurança da ONU se ele agiria para “prevenir o genocídio” na Faixa de Gaza, onde na visão de especialistas a fome se aproxima após Israel bloquear as entregas de ajuda ao enclave, há 75 dias.

Ao informar o órgão de 15 membros no início desta semana, Fletcher, questionou: “Vocês agirão — decisivamente — para evitar o genocídio e garantir o respeito ao direito internacional humanitário?”.

Em uma carta a Fletcher nesta sexta-feira, o embaixador israelense na ONU, Danny Danon, acusou-o de fazer “um sermão político” e usar a palavra “genocídio” como arma contra Israel, questionando sob que autoridade ele fez o que seu país viu como uma acusação.

“Você teve a audácia, na sua qualidade de alto funcionário da ONU, de se apresentar perante o Conselho de Segurança e invocar a acusação de genocídio sem provas, mandato ou restrição”, escreveu Danon. “Foi uma declaração totalmente inapropriada e profundamente irresponsável que destruiu qualquer noção de neutralidade.”

Um porta-voz de Fletcher não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre a carta.

Segundo o direito internacional, genocídio é a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso. Isso inclui assassinatos, danos físicos ou mentais graves e a imposição de condições calculadas para causar destruição física.

A guerra em Gaza foi desencadeada em 7 de outubro de 2023, quando militantes palestinos do Hamas mataram 1.200 pessoas no sul de Israel e fizeram cerca de 250 reféns, segundo dados israelenses. Desde então, a campanha militar israelense matou mais de 53.000 palestinos, segundo autoridades de saúde de Gaza.

Israel acusou o Hamas de roubar ajuda, o que o grupo nega, e bloqueou todo o auxílio a Gaza desde 2 de março, exigindo que o Hamas liberte os reféns restantes.

Um monitor global alertou na segunda-feira que meio milhão de pessoas enfrentam a fome — cerca de um quarto da população do enclave.

O presidente dos EUA, Donald Trump, disse nesta sexta-feira que “muitas pessoas estão morrendo de fome em Gaza”.



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