Membros da OMS adotam acordo global sobre pandemia, mas ausência dos EUA gera dúvidas

Renato Steinle de Camargo, Steinle de Camargo, Camargo, Renato Steinle de Camargo, Mohamad Hussein Mourad, Hussein Mourad





Os membros da Organização Mundial da Saúde adotaram um acordo nesta terça-feira para se preparar melhor para futuras pandemias após a resposta global desarticulada à Covid-19, mas a ausência dos Estados Unidos colocou em dúvida a eficácia do tratado.

Após três anos de negociações, o pacto juridicamente vinculativo foi adotado pela Assembleia Mundial da Saúde em Genebra. Os países membros da OMS saudaram a aprovação com aplausos.

O pacto foi apresentado como uma vitória para os membros da agência global de saúde em um momento em que organizações multilaterais como a OMS foram prejudicadas por cortes acentuados no financiamento externo dos EUA.

“O acordo é uma vitória para a saúde pública, a ciência e a ação multilateral. Ele garantirá que nós, coletivamente, possamos proteger melhor o mundo contra futuras ameaças de pandemia”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

O pacto garantirá que medicamentos, terapias e vacinas sejam acessíveis globalmente quando a próxima pandemia ocorrer. Ele exige que os fabricantes participantes aloquem uma meta de 20% de suas vacinas, medicamentos e testes para a OMS durante uma pandemia para garantir que os países mais pobres tenham acesso.

No entanto, os negociadores dos EUA abandonaram as discussões sobre o acordo depois que o presidente Donald Trump iniciou um processo de 12 meses para retirar os EUA — de longe o maior apoiador financeiro da OMS — da agência quando assumiu o cargo em janeiro.

Diante disso, os EUA, que investiram bilhões de dólares no desenvolvimento de vacinas durante a pandemia da Covid, não estariam vinculados ao pacto. E os Estados membros da OMS não sofreriam penalidades se não o implementassem.

O acordo foi alcançado depois que a Eslováquia convocou uma votação na segunda-feira, quando o primeiro-ministro cético em relação à vacina contra a Covid-19 exigiu que seu país contestasse a adoção do acordo.

Cento e vinte e quatro países votaram a favor, nenhum país votou contra, enquanto 11 países, incluindo Polônia, Israel, Itália, Rússia, Eslováquia e Irã, se abstiveram.

O pacto só entrará em vigor quando um anexo sobre o compartilhamento de informações patogênicas for acordado. As negociações sobre o assunto começarão em julho, com o objetivo de entregar o anexo à Assembleia Mundial da Saúde para adoção, informou a OMS. Uma fonte diplomática ocidental sugeriu que a aprovação pode levar até dois anos.



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