Nenhuma ajuda foi distribuída em Gaza ainda, diz ONU

Renato Steinle de Camargo, Steinle de Camargo, Camargo, Renato Steinle de Camargo, Mohamad Hussein Mourad, Hussein Mourad





Ainda não foi distribuída nenhuma ajuda na Faixa de Gaza, disseram as Nações Unidas nesta terça-feira, um dia após Israel permitir a retomada de entregas humanitárias limitadas depois de um bloqueio de 11 semanas no enclave palestino, onde a fome se instala, alertam especialistas.

O porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, disse que quatro caminhões de comida para bebês foram deixados no lado palestino da fronteira na segunda-feira, e que algumas dezenas de caminhões de farinha, remédios, suprimentos nutricionais e outros itens básicos entraram em Gaza nesta terça-feira.

“As autoridades israelenses estão exigindo que descarreguemos os suprimentos no lado palestino da passagem de Kerem Shalom e os recarreguemos separadamente assim que garantirem o acesso da nossa equipe de dentro da Faixa de Gaza”, disse Dujarric a jornalistas.

“Hoje, uma de nossas equipes esperou várias horas pelo sinal verde israelense para acessar a área de Kerem Shalom e coletar os suprimentos de nutrição. Infelizmente, eles não conseguiram trazer esses suprimentos para o nosso depósito”, acrescentou.

Mais cedo nesta terça-feira, um porta-voz do escritório humanitário da ONU em Genebra disse que Israel havia dado permissão para que cerca de 100 caminhões de ajuda entrassem em Gaza.

O chefe de ajuda da ONU, Tom Fletcher, disse na segunda-feira que a quantidade inicial de ajuda aprovada por Israel era “uma gota no oceano”.

Israel diz que planeja intensificar as operações militares contra o Hamas e controlar toda a Faixa de Gaza, devastada por uma guerra aérea e terrestre israelense desde o ataque transfronteiriço do Hamas às comunidades israelenses em outubro de 2023.

Israel disse que seu bloqueio tem como objetivo, em parte, impedir que militantes palestinos desviem e apreendam suprimentos de ajuda. O Hamas negou ter feito isso.

Um grupo apoiado pelos EUA planeja começar a trabalhar na Faixa de Gaza até o final de maio, supervisionando um novo modelo de distribuição de ajuda no enclave palestino. Mas a ONU afirma que o plano não é imparcial ou neutro e que não vai se envolver.

As taxas de desnutrição no território densamente povoado aumentaram durante o bloqueio israelense e podem piorar se a escassez de alimentos continuar, disse um funcionário da área de saúde da agência de refugiados palestinos da ONU, UNRWA, em Genebra, nesta terça-feira.

“Tenho dados até o final de abril e eles mostram que a desnutrição está aumentando”, disse Akihiro Seita, diretor de saúde da UNRWA.

“E a preocupação é que, se a atual escassez de alimentos continuar, ela aumentará exponencialmente e ficará fora de nosso controle.”



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