Oposição acusa Meloni de ceder à exigência de Trump

Renato Steinle de Camargo, Steinle de Camargo, Camargo, Renato Steinle de Camargo, Mohamad Hussein Mourad, Hussein Mourad





Parlamentares discutem emendas de decreto em Comissão da Câmara

Representantes da oposição acusaram nesta segunda-feira (19) o governo da primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, de querer revogar a cidadania automática dos italianos que vivem no estrangeiro para “ceder” aos pedidos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

    A teoria foi apoiada pelos parlamentares do Partido Democrático (PD) eleitos no exterior Toni Ricciardi, Fabio Porta e Christian Di Sanzo, na Comissão de Assuntos Constitucionais da Câmara, que está examinando e votando as emendas do decreto-lei que limita a transmissão da cidadania italiana por direito de sangue, aprovado pelo Senado na semana passada.

    Ricciardi usou como exemplo o relatório do governo que acompanha o decreto, que explica com razões de “segurança nacional” a adoção dessas medidas com um decreto de emergência e não com um projeto de lei normal.

    “O governo Trump impôs isso porque muitos dos migrantes sul-americanos que ele quer repatriar também têm cidadania italiana”, declarou o deputado do PD, enfatizando que isso funcionaria como um “escudo” contra a expulsão dos EUA.

    Porta e Di Sanzo, que fazem longos discursos sobre cada emenda, também apoiaram esta tese, além de criticar o conteúdo do decreto em geral. “Vocês estão destruindo nossas comunidades no exterior”, enfatizou Di Sanzi.

    Já Porta lembrou que Meloni fez um vídeo durante a campanha eleitoral, dirigido aos eleitores italianos no exterior, no qual prometia não modificar o ius sanguinis. “Há também o princípio da expectativa legítima e você o está violando, assim como está traindo suas promessas”.

    Hoje, a Comissão já rejeitou uma emenda que teria excluído todo o decreto e agora está votando as outras 70 emendas. O texto é esperado na Câmara dos Deputados amanhã.

    O Senado da Itália aprovou na última quinta-feira (15) o decreto-lei que limita a transmissão da cidadania italiana por direito de sangue, com 81 votos a favor e 37 contra.

    O texto inicial emanado pelo Executivo estabelecia um limite geracional para a transmissão da cidadania por direito de sangue, estabelecendo que apenas quem tivesse um dos pais ou um dos avós nascido na Itália poderia requerer a cidadania.

    Contudo, uma emenda aprovada na Comissão de Constituição do Senado retirou a menção ao local de nascimento do ascendente, embora tenha imposto outra exigência vista como proibitiva por muitos ítalo-descendentes: só poderá ter a cidadania reconhecida quem tiver um ascendente de primeiro (pai ou mãe) ou segundo grau (avó ou avô) que tem, ou tinha no momento da morte, exclusivamente a cidadania italiana.

    Em vigor desde 28 de março, o decreto-lei precisa ser aprovado pelo Parlamento em até 60 dias para se tornar definitivo – o governo de Meloni conta com maioria confortável na Câmara.

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