Segundo líder da Igreja Católica, ‘é tempo de construir pontes’
O papa Leão XIV lembrou do legado de Francisco nesta segunda-feira (19) e disse que pretende reforçar o “caráter sinodal da Igreja Católica”, defendendo o diálogo inter-religioso e a criação de pontes.
“Consciente de que sinodalidade e ecumenismo estão intimamente ligados, desejo assegurar minha intenção de continuar o compromisso do papa Francisco de promover o carácter sinodal da Igreja Católica e de desenvolver novas e concretas formas para uma sinodalidade cada vez mais intensa no campo ecumênico”, afirmou o Pontífice, durante audiência com representantes de outras religiões na sala de imprensa da Santa Sé.
Um dia após a missa que marcou o início de seu pontificado, Robert Francis Prevost destacou que a “fraternidade universal” foi um dos “pontos fortes” da missão de Jorge Bergoglio.
Segundo ele, o “Espírito Santo realmente o ‘impulsionou’ a levar adiante, a passos largos, as aberturas e iniciativas já empreendidas por pontífices anteriores, especialmente a partir de São João XXIII”.
“O Papa de ‘Fratelli tutti’ promoveu tanto o caminho ecumênico quanto o diálogo inter-religioso, e o fez sobretudo cultivando as relações interpessoais, de tal forma que, sem diminuir os vínculos eclesiais, o aspecto humano do encontro foi sempre valorizado”, recordou.
Leão XIV pediu para Deus ajudar “a valorizar” o testemunho do argentino e recordou que a sua eleição “ocorreu no 1700º aniversário do Primeiro Concílio Ecumênico de Niceia, que representa uma etapa fundamental no desenvolvimento do Credo compartilhado por todas as Igrejas e comunidades eclesiais”.
“Enquanto estamos a caminho de restabelecer a plena comunhão entre todos os cristãos, reconhecemos que esta unidade só pode ser a unidade na fé. Como bispo de Roma, considero ser um dos meus deveres prioritários procurar o restabelecimento da comunhão plena e visível entre todos aqueles que professam a mesma fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo”, afirmou.
Prevost destacou ainda que a unidade sempre foi uma de suas preocupações constantes, como demonstra o lema que escolheu para o seu ministério episcopal: “In Illo uno unum”, expressão de Santo Agostinho de Hipona (naquele que é um [ Cristo], somos um só).
“Quanto mais fiéis e obedientes formos a Ele, mais unidos estaremos entre nós. Portanto, como cristãos, somos todos chamados a orar e a trabalhar juntos para alcançarmos, passo a passo, essa meta, que é e continua sendo obra do Espírito Santo”, enfatizou.
O Santo Padre ressaltou também que “hoje é o momento do diálogo e da construção de pontes” e disse estar convencido de que, “se estivermos de acordo e livres de condicionamentos ideológicos e políticos, poderemos ser eficazes em dizer ‘não’ à guerra e ‘sim’ à paz, ‘não’ à corrida armamentista e ‘sim’ ao desarmamento, ‘não’ a uma economia que empobrece os povos e a Terra e ‘sim’ ao desenvolvimento integral”.
Por fim, disse que, “devido às raízes judaicas do cristianismo, todos os cristãos têm uma relação especial com o judaísmo” e “o diálogo teológico entre cristãos e judeus permanece sempre importante e lhe é muito caro”.
“Mesmo nestes tempos difíceis, marcados por conflitos e mal-entendidos, é necessário continuar com entusiasmo este nosso diálogo tão precioso”, concluiu. .