Duas pessoas morreram e pelo menos 22 ficaram feridas na noite de sábado (17/5), quando um navio-escola da Marinha do México se chocou contra a ponte do Brooklyn, em Nova York, nos Estados Unidos.
As primeiras investigações indicam que a embarcação teria ficado sem energia antes do acidente.
As autoridades identificaram as vítimas como sendo a cadete América Yamilet Sánchez, de 20 anos de idade, e o marinheiro Adal Jair Maldonado Marcos, de 23 anos.
Eles faziam parte do grupo de 277 tripulantes que estavam a bordo do navio. Outros três marinheiros ficaram gravemente feridos.
O impacto contra a ponte fez com que os três mastros do veleiro desmoronassem. E, segundo a imprensa mexicana, Sánchez estava no alto de um mastro no momento do acidente.
O almirante Pedro Raymundo Morales, comandante da Marinha mexicana, declarou que todos os tripulantes que estiverem em condições de viajar serão levados de volta para o México. Já o corpo de América Sánchez está programado para traslado para a Academia Naval do seu Estado natal de Veracruz, no México, nesta segunda (19/5).
O veleiro de treinamento ARM Cuauhtémoc viaja pelo mundo como um “navio de boa vontade” para difundir a cultura mexicana.
Ainda não se sabe como ocorreu a colisão. Segundo as autoridades, a ponte do Brooklyn não sofreu danos com o choque.
A presidente do México, Claudia Sheinbaum, lamentou o incidente e pediu solidariedade com as vítimas.
“Foi um acidente, duas pessoas morreram e o que precisamos fazer é nos solidarizar e esperar um pouco para ver quais foram as causas”, declarou a presidente à imprensa local.
Sheinbaum destacou que profissionais mexicanos e americanos estão trabalhando diretamente nas investigações.
‘Era uma soldada que não se rendia’
A mãe de América Sánchez, Rocío Hernández, descreveu a cadete como “filha exemplar” e “estudante dedicada”, que desejava ser engenheira naval.
De pé, frente a um altar improvisado e adornado com flores e fotos da filha vestida para sua festa de 15 anos, a mãe prestou homenagem a América Sánchez.
“Ela era uma guerreira, uma soldada que não se rendia, que sempre lutava pelos seus objetivos”, declarou ela. Sánchez estava a um ano de se formar, segundo sua mãe.
“Eles farão uma cerimônia privada para ela na Escola Naval de Veracruz e, depois, vou trazê-la para casa”, declarou Hernández. Ela agradeceu a todos os familiares, amigos e professores da sua filha, pedindo que eles “se recordem dela com carinho”.
‘O mar o viu nascer e foi testemunha da sua morte’
A aldeia litorânea de San Mateo del Mar fica no Estado de Oaxaca, no sul do México. Lá, familiares de Adal Jair Maldonado Marcos também realizaram uma cerimônia depois que o jovem cadete foi identificado como a segunda vítima mortal do acidente em Nova York.
Seus amigos declararam à imprensa local que Marcos, de 23 anos, sempre havia sonhado em seguir os passos de seu pai e se tornar marinheiro. Eles recordaram que seu maior desejo sempre foi estar a bordo do Cuauhtémoc, também conhecido como o “Cavaleiro dos Mares”.
“O mar o viu nascer e o mar foi testemunha da sua morte”, declarou um de seus amigos à imprensa. Ele destacou que “todos nós que o conhecemos nos lembraremos dele como um modelo de jovem inteligente”.
Dúvidas
As investigações sobre as causas do acidente ainda estão em curso e as autoridades divulgaram poucos detalhes.
A polícia de Nova York destacou que há indícios de que o Cuauhtémoc teria perdido potência quando saía do porto de Nova York e foi arrastado pela corrente até a ponte do Brooklyn.
Seus três mastros, de mais de 48 metros de altura, atingiram a base da ponte. Segundo o website do Departamento de Transporte de Nova York, a ponte tem altura livre de 41,1 metros.
Com isso, os três mastros foram derrubados. Um vídeo feito por um transeunte mostra membros da tripulação pendurados nos mastros e nas velas.
Especialistas indicam que uma das primeiras dúvidas que surgiram com a divulgação da notícia foi por que a embarcação seguia na direção errada.
O Cuauhtémoc tinha a Islândia como destino. Estava prevista uma rápida parada para reabastecimento de combustível no Brooklyn, em Nova York, para depois seguir viagem.
A análise dos vídeos levou alguns especialistas a acreditar que os ventos vindos do nordeste e a corrente marítima podem estar entre as causas do acidente.
Outra dúvida sobre o choque é o que terá acontecido com o rebocador que deveria ter escoltado o navio.
A Guarda Costeira americana exige que as embarcações estrangeiras, como o Cuauhtémoc, contem com a assistência de um rebocador, que deve escoltá-las e pode assistir em caso de incidentes.
Mas o senador Charles Schumer, de Nova York, afirmou que o Cuauhtémoc “não utilizou a assistência de um rebocador” – e que o rebocador observado nos vídeos amplamente compartilhados nas redes sociais estava “respondendo depois do fato, não ajudando antes”.
O secretário da Marinha do México, Raymundo Pedro Morales Ángeles, declarou em comunicado que os resultados de todas as investigações serão acompanhados com “total transparência e responsabilidade”.