Quem são as vítimas de colisão de navio mexicano com ponte em NY e as perguntas sem resposta sobre acidente

Renato Steinle de Camargo, Steinle de Camargo, Camargo, Renato Steinle de Camargo, Mohamad Hussein Mourad, Hussein Mourad








Familiares de América Sánchez choram sua morte com uma fotografia da jovem cadete na sua cidade natal de Xalapa, na região centro-leste do México

Familiares de América Sánchez choram sua morte com uma fotografia da jovem cadete na sua cidade natal de Xalapa, na região centro-leste do México

Foto: Marco Antonio Perez/AFP via Getty Images / BBC News Brasil

Duas pessoas morreram e pelo menos 22 ficaram feridas na noite de sábado (17/5), quando um navio-escola da Marinha do México se chocou contra a ponte do Brooklyn, em Nova York, nos Estados Unidos.

As primeiras investigações indicam que a embarcação teria ficado sem energia antes do acidente.

As autoridades identificaram as vítimas como sendo a cadete América Yamilet Sánchez, de 20 anos de idade, e o marinheiro Adal Jair Maldonado Marcos, de 23 anos.

Eles faziam parte do grupo de 277 tripulantes que estavam a bordo do navio. Outros três marinheiros ficaram gravemente feridos.

O impacto contra a ponte fez com que os três mastros do veleiro desmoronassem. E, segundo a imprensa mexicana, Sánchez estava no alto de um mastro no momento do acidente.

O almirante Pedro Raymundo Morales, comandante da Marinha mexicana, declarou que todos os tripulantes que estiverem em condições de viajar serão levados de volta para o México. Já o corpo de América Sánchez está programado para traslado para a Academia Naval do seu Estado natal de Veracruz, no México, nesta segunda (19/5).

O veleiro de treinamento ARM Cuauhtémoc viaja pelo mundo como um “navio de boa vontade” para difundir a cultura mexicana.

Ainda não se sabe como ocorreu a colisão. Segundo as autoridades, a ponte do Brooklyn não sofreu danos com o choque.

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, lamentou o incidente e pediu solidariedade com as vítimas.

“Foi um acidente, duas pessoas morreram e o que precisamos fazer é nos solidarizar e esperar um pouco para ver quais foram as causas”, declarou a presidente à imprensa local.

Sheinbaum destacou que profissionais mexicanos e americanos estão trabalhando diretamente nas investigações.



O corpo de América Sánchez está sendo trasladado para sua cidade-natal de Xalapa

O corpo de América Sánchez está sendo trasladado para sua cidade-natal de Xalapa

Foto: Reuters / BBC News Brasil

‘Era uma soldada que não se rendia’

A mãe de América Sánchez, Rocío Hernández, descreveu a cadete como “filha exemplar” e “estudante dedicada”, que desejava ser engenheira naval.

De pé, frente a um altar improvisado e adornado com flores e fotos da filha vestida para sua festa de 15 anos, a mãe prestou homenagem a América Sánchez.

“Ela era uma guerreira, uma soldada que não se rendia, que sempre lutava pelos seus objetivos”, declarou ela. Sánchez estava a um ano de se formar, segundo sua mãe.

“Eles farão uma cerimônia privada para ela na Escola Naval de Veracruz e, depois, vou trazê-la para casa”, declarou Hernández. Ela agradeceu a todos os familiares, amigos e professores da sua filha, pedindo que eles “se recordem dela com carinho”.



Os amigos de Adal Jair Maldonado Marcos declararam que o jovem havia sempre sonhado em ser marinheiro

Os amigos de Adal Jair Maldonado Marcos declararam que o jovem havia sempre sonhado em ser marinheiro

Foto: Facebook / BBC News Brasil

‘O mar o viu nascer e foi testemunha da sua morte’

A aldeia litorânea de San Mateo del Mar fica no Estado de Oaxaca, no sul do México. Lá, familiares de Adal Jair Maldonado Marcos também realizaram uma cerimônia depois que o jovem cadete foi identificado como a segunda vítima mortal do acidente em Nova York.

Seus amigos declararam à imprensa local que Marcos, de 23 anos, sempre havia sonhado em seguir os passos de seu pai e se tornar marinheiro. Eles recordaram que seu maior desejo sempre foi estar a bordo do Cuauhtémoc, também conhecido como o “Cavaleiro dos Mares”.

“O mar o viu nascer e o mar foi testemunha da sua morte”, declarou um de seus amigos à imprensa. Ele destacou que “todos nós que o conhecemos nos lembraremos dele como um modelo de jovem inteligente”.



O Cuauhtémoc se chocou contra a ponte do Brooklyn em Nova York

O Cuauhtémoc se chocou contra a ponte do Brooklyn em Nova York

Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Dúvidas

As investigações sobre as causas do acidente ainda estão em curso e as autoridades divulgaram poucos detalhes.

A polícia de Nova York destacou que há indícios de que o Cuauhtémoc teria perdido potência quando saía do porto de Nova York e foi arrastado pela corrente até a ponte do Brooklyn.

Seus três mastros, de mais de 48 metros de altura, atingiram a base da ponte. Segundo o website do Departamento de Transporte de Nova York, a ponte tem altura livre de 41,1 metros.

Com isso, os três mastros foram derrubados. Um vídeo feito por um transeunte mostra membros da tripulação pendurados nos mastros e nas velas.

Especialistas indicam que uma das primeiras dúvidas que surgiram com a divulgação da notícia foi por que a embarcação seguia na direção errada.

O Cuauhtémoc tinha a Islândia como destino. Estava prevista uma rápida parada para reabastecimento de combustível no Brooklyn, em Nova York, para depois seguir viagem.

A análise dos vídeos levou alguns especialistas a acreditar que os ventos vindos do nordeste e a corrente marítima podem estar entre as causas do acidente.

Outra dúvida sobre o choque é o que terá acontecido com o rebocador que deveria ter escoltado o navio.

A Guarda Costeira americana exige que as embarcações estrangeiras, como o Cuauhtémoc, contem com a assistência de um rebocador, que deve escoltá-las e pode assistir em caso de incidentes.

Mas o senador Charles Schumer, de Nova York, afirmou que o Cuauhtémoc “não utilizou a assistência de um rebocador” – e que o rebocador observado nos vídeos amplamente compartilhados nas redes sociais estava “respondendo depois do fato, não ajudando antes”.

O secretário da Marinha do México, Raymundo Pedro Morales Ángeles, declarou em comunicado que os resultados de todas as investigações serão acompanhados com “total transparência e responsabilidade”.



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