O Reino Unido e a União Europeia devem formalizar nesta segunda-feira (19) um acordo para relançar a relação bilateral e melhorar a cooperação na área de defesa, durante uma cúpula inédita em Londres, cinco anos após o Brexit. A reunião acontece na Lancaster House, onde o premiê britânico, Keir Starmer, recebe a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa.
O Reino Unido e a União Europeia devem formalizar nesta segunda-feira (19) um acordo para relançar a relação bilateral e melhorar a cooperação na área de defesa, durante uma cúpula inédita em Londres, cinco anos após o Brexit. A reunião acontece na Lancaster House, onde o premiê britânico, Keir Starmer, recebe a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa.
A cúpula marca a tentativa do governo trabalhista de virar a página das tensões entre Londres e Bruxelas, após a saída oficial do Reino Unido da UE em 31 de janeiro de 2020. O premiê britânico prometeu retomar as relações com a UE ao assumir o cargo em julho de 2024.
Starmer, celebrou uma “nova parceria estratégica” com a União Europeia e o início de uma “nova era” nas relações com o bloco, ao recepcionar os líderes da UE.
“Estamos firmando uma nova parceria estratégica adaptada ao nosso tempo, que trará benefícios reais e concretos em áreas como segurança, imigração clandestina, preços da energia, setor agroalimentar, comércio e outros”, declarou o líder trabalhista.
Antes do encontro, e após meses de negociações, os representantes britânicos e europeus chegaram a um consenso sobre três documentos, incluindo um pacto em defesa e segurança. A guerra na Ucrânia e o risco de um recuo dos Estados Unidos na defesa do continente europeu levaram a UE e o Reino Unido a buscar maneiras de reforçar a cooperação na área.
Londres e os 27 países do bloco também concordaram em prorrogar por mais 12 anos o acesso de pescadores europeus às águas britânicas, que expiraria em 2026. Em troca, o Reino Unido terá mais facilidade para exportar seus produtos ao mercado europeu, com base no reconhecimento mútuo de normas sanitárias e fitossanitárias.
“É hora de olhar para frente, deixar para trás as velhas disputas políticas e buscar um senso comum, soluções práticas que melhorem a vida dos britânicos”, escreveu Keir Starmer na rede X nesta segunda-feira.
Apesar da aproximação, Starmer deixou claro que não tem intenção de retornar ao mercado comum, à união aduaneira ou restabelecer a livre circulação de pessoas.
“Vamos fechar um acordo de interesse nacional”, afirmou Starmer em outra postagem, reiterando a promessa de “fronteiras seguras, contas mais baratas e mais empregos” para os britânicos.
Impasse nas negociações
Durante a cúpula, os líderes devem aprovar formalmente três documentos: um pacto de defesa e segurança, uma declaração de visão comum sobre grandes temas globais e uma lista de áreas prioritárias para os próximos meses.
O acordo de defesa permitirá ao Reino Unido participar de reuniões ministeriais da UE e integrar algumas missões militares europeias, além dos compromissos já existentes com países da Otan.
Do ponto de vista econômico, Londres busca garantir o acesso de suas empresas ao futuro programa europeu de €150 bilhões para o fortalecimento da base industrial de defesa do bloco. A participação britânica, no entanto, exigirá um novo acordo e uma contribuição financeira.
O alinhamento dinâmico às normas sanitárias e fitossanitárias da UE deve beneficiar produtores britânicos, que enfrentam burocracia e inspeções para exportar ao principal parceiro comercial do país, segundo o governo britânico.
Mobilidade jovem reduzida
Apesar do clima mais favorável, as negociações enfrentaram impasses, especialmente nos temas de cotas de pesca e mobilidade jovem.
Neste último ponto, não houve consenso. A UE propôs permitir que jovens europeus de 18 a 30 anos estudem ou trabalhem no Reino Unido por vários anos — e vice-versa. O governo Starmer, que prioriza a redução da imigração, defende um acesso mais restrito.
O tema é sensível no Reino Unido, especialmente com o crescimento do partido eurocético e anti-imigração Reform UK, liderado por Nigel Farage.
Nesta segunda, o vice-líder do partido, Richard Tice, acusou o governo de “capitular” diante da UE.
“Estamos novamente submetidos às regras de Bruxelas”, criticou na rede X a líder da oposição conservadora, Kemi Badenoch, classificando como “preocupantes” o acordo sobre pesca e as negociações sobre mobilidade jovem.
(Com AFP)