O Secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, defendeu nesta terça-feira os cortes do presidente Donald Trump nos orçamentos diplomáticos e de ajuda externa, em seu primeiro depoimento como o principal diplomata do país para o Congresso, com alguns se arrependendo de terem votado para confirmá-lo.
“O Departamento de Estado teve que mudar. Ele não estava mais no centro da política externa norte-americana. Muitas vezes foi substituído pelo Conselho de Segurança Nacional (da Casa Branca) ou por alguma outra agência do governo”, disse ele ao Comitê de Relações Exteriores do Senado.
O Senado votou por 99 a 0 para confirmar o senador republicano da Flórida como o mais alto diplomata do país em 20 de janeiro, quando os democratas se juntaram aos republicanos para dar ao presidente seu primeiro membro permanente do gabinete no segundo mandato, poucas horas após a posse de Trump.
Durante uma audiência de confirmação amigável em 15 de janeiro, Rubio prometeu uma política externa robusta focada nos interesses dos EUA, ecoando a abordagem “América em Primeiro Lugar” de Trump para assuntos globais.
Alguns democratas que apoiaram Rubio em janeiro disseram que se arrependeram de seus votos, à medida que Trump assumiu mais controle do governo federal do que qualquer outro presidente da era moderna, inclusive cortando planos de financiamento que haviam sido aprovados pelo Congresso.
Rubio disse ao comitê do Senado nesta terça-feira que a solicitação de orçamento de US$28,5 bilhões feita pelo governo Trump para o ano fiscal de 2025/2026 permitirá que seu departamento continue implementando a visão de Trump e, ao mesmo tempo, cortar US$20 bilhões de “programas duplicados, desperdiçados e ideologicamente orientados”.
Na audiência, Rubio enfrentou perguntas duras sobre a dizimação da ajuda externa – ele foi um defensor dela durante seus 14 anos no Senado – enquanto corta funcionários no Departamento de Estado e na Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID), que gastava cerca de US$40 bilhões por ano e está sendo incorporada ao departamento.
O governo está propondo um novo fundo de US$2,9 bilhões que assumirá a ajuda externa, com base nas “lições que aprendemos com a USAID”, disse Rubio.
“Isso permitirá que o departamento responda rapidamente a crises, se envolva proativamente com parceiros essenciais como a Índia e a Jordânia, apoie esforços essenciais de repatriação e enfrente ameaças estratégicas de concorrentes próximos como a China”, disse Rubio.
Os senadores também perguntaram a Rubio sobre os planos de Trump de reverter as sanções à Síria, o papel de Rubio na repressão à imigração, a entrega de assistência humanitária aos palestinos em Gaza e os esforços para acabar com a guerra na Ucrânia.
Alguns manifestantes interromperam o depoimento de Rubio com gritos de “Parem o genocídio”, antes que a polícia os levasse para fora da sala de audiência. Os manifestantes vêm interrompendo regularmente as audiências do Congresso durante a guerra em Gaza.
Rubio, conhecido há muito tempo como um político com posição dura contra a China, disse ao comitê que seu departamento está enfrentando a “influência nefasta da China” globalmente.
“A era de indulgência com o Partido Comunista Chinês, que abusa das práticas comerciais para roubar nossa tecnologia e inunda nossa nação com fentanil, acabou”, disse Rubio.
Os republicanos elogiaram Rubio, que tem se tornado uma figura crucial no governo Trump. Atualmente, ele também está atuando como conselheiro de segurança nacional interino de Trump e administrador da USAID.
Rubio é a primeira pessoa desde Henry Kissinger, na década de 1970, a ocupar simultaneamente os cargos de secretário de Estado e conselheiro de segurança nacional.