Auxílio humanitário será disponibilizado em parceria com EUA
19 mai
2025
– 11h57
(atualizado às 13h40)
Em meio aos ataques israelenses na Faixa de Gaza nesta segunda-feira (19) que mataram ao menos 52 pessoas, segundo o Hamas, o primeiro-ministro do país judeu, Benjamin Netanyahu, reforçou a intenção de seu governo de “tomar o controle” de todo o enclave, ao mesmo tempo que decidiu pela “entrada de ajuda humanitária” no local.
“Pretendemos tomar o controle de toda a Faixa de Gaza, e é isso que faremos”, afirmou Netanyahu em vídeo, informando também que se decidiu “pela entrada de ajuda humanitária em Gaza porque estamos nos aproximando rapidamente da linha vermelha, uma situação em que poderíamos perder o controle, e tudo entraria em colapso”.
De acordo com o premiê israelense, o acesso de suprimentos humanitários aos milhões de deslocados palestinos se dá através de uma parceria com seus “amigos americanos”, que “juntos”, decidiram “adotar um novo método: pontos de distribuição protegidos pelas Forças de Defesa de Israel (IDF), que irão impedir o acesso do Hamas [à ajuda] e permitirão que empresas dos Estados Unidos distribuam alimentos e medicamentos à população”.
“O objetivo é chegar a uma situação em que haja uma área completamente controlada pelas IDF, acessível a toda a população civil de Gaza, onde eles possam receber ajuda, e onde o Hamas não receba nada”, disse Netanyahu, que justificou “a assistência humanitária mínima [em Gaza] durante a guerra” já que “o Hamas saqueava parte dos suprimentos”.
No entanto, o líder israelense, que tomou a decisão ontem à noite (18) de retomar a ajuda a Gaza sem submetê-la à votação a fim de evitar que a extrema-direita no país não a aprovasse, também declarou no vídeo gravado por ele mesmo que “até que as áreas seguras e os pontos de distribuição sob controle das IDF estejam prontos, devemos fornecer uma ajuda mínima e temporária para evitar a fome”.
A União Europeia se posicionou contra o plano anunciado por Netanyahu.
“A ajuda humanitária é baseada em princípios, deve ser imparcial, neutra e independente. Hoje está em jogo uma proposta avançada por Israel e apoiada pelos EUA. Não aceitaremos outro formato. Estamos prontos para reformular, para repensar o sistema humanitário, mas com base em princípios e valores”, declarou a comissária europeia para a Gestão de Crises, Hadja Lahbib.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde divulgados hoje, “dois milhões de pessoas morrem de fome em Gaza, enquanto 116 mil toneladas de alimentos estão parados na fronteira, a poucos minutos de distância”. A informação foi anunciada pelo secretário-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, a partir do relatório 2024 sobre a crise no Oriente Médio apresentado na 78ª Assembleia Mundial da Saúde em Genebra.
A União Europeia e o Reino Unido, que firmaram um acordo “estratégico” nesta segunda, citaram em declaração conjunta seu compromisso na trégua imediata e permanente na Faixa de Gaza, [com] a libertação de todos os reféns e a entrada de ajuda humanitária sem bloqueios”. Os parceiros ainda destacaram “a importância de buscar uma paz duradoura e sustentável [no enclave] com base na solução de dois Estados”.