A poucos dias das eleições presidenciais na Polônia, as suspeitas de interferência estrangeira atingem a campanha eleitoral no país com uma série de anúncios políticos no Facebook. A Meta, controladora da rede social americana, bloqueou as publicidades inadequadas. O governo de Varsóvia acredita que os anúncios fazem parte de uma campanha de desinformação russa.
A poucos dias das eleições presidenciais na Polônia, as suspeitas de interferência estrangeira atingem a campanha eleitoral no país com uma série de anúncios políticos no Facebook. A Meta, controladora da rede social americana, bloqueou as publicidades inadequadas. O governo de Varsóvia acredita que os anúncios fazem parte de uma campanha de desinformação russa.
Letícia Fonseca-Sourander, correspondente da RFI em Bruxelas
O alerta do Centro de Análise de Desinformação da Nask, a agência de cibersegurança da Polônia, aconteceu depois de identificar contas recém-criadas no Facebook compartilhando anúncios políticos que teriam sido financiados do exterior. O custo destas publicidades suspeitas excedeu as despesas de campanha de todos os comitês eleitorais durante a última semana.
Os anúncios afetavam os três candidatos principais: o prefeito progressista de Varsóvia, Rafal Trzaskowski, que está liderando as pesquisas, o candidato do partido nacionalista polonês Karol Nawrocki – o favorito do presidente americano Donald Trump – e o candidato da extrema-direita, Slawomir Mentzen. As postagens tinham como objetivo apoiar um candidato específico e descredibilizar os outros. O governo de Varsóvia diz estar monitorando a situação.
Segundo a Nask, a interferência “indica uma possível provocação”. “O objetivo também poderia visar a desestabilização da situação política antes das eleições presidenciais”, reiterou a agência. Varsóvia voltou a acusar a Rússia de realizar ações desestabilizadoras, como interferências em eleições, sabotagens e desinformação no país.
Antes de bloquear os anúncios políticos do Facebook na Polônia, a Meta havia afirmado não ter visto nenhuma evidência de uma ação estrangeira. Mais cedo, um porta-voz da empresa havia confirmado que os administradores destes anúncios eram autênticos e que estavam baseados na Polônia.
Campeã de ciberataques
A Polônia é o país da Europa mais atingido por ataques cibernéticos, apesar dos altos níveis de cibersegurança. Segundo dados do governo polonês, os serviços militares russos duplicaram a sua atividade contra o país: apenas em 2024 foram registrados mais de 600 mil incidentes. De acordo com um especialista da área, a empresa que gere o serviço de transporte ferroviário no país – que assumiu um papel de destaque na ajuda aos ucranianos desde o início da guerra – sofre dois mil ataques diários.
No início do ano, Varsóvia adotou o programa “Guarda Chuva Eleitoral”, para combater a manipulação eleitoral. A iniciativa monitora as mídias sociais, verifica conteúdos na internet, além de criar relatórios analíticos sobre desinformação e mapear o financiamento de influenciadores. As eleições presidenciais na Polônia serão realizadas no próximo domingo, 18 de maio, e um possível segundo turno está marcado para 1º de junho.
Laços estremecidos
No início da semana, a Polônia convocou o embaixador russo e informou o fechamento do consulado da Rússia em Cracóvia, a segunda maior cidade polonesa. A decisão foi tomada após virem à tona evidências mostrando que Moscou foi responsável pelo incêndio que destruiu um dos maiores shoppings da capital Varsóvia – com 1.400 lojas – no ano passado.
O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, disse que foi “um incêndio criminoso ordenado por serviços russos”. Para Varsóvia, este incêndio faz parte de uma “guerra híbrida” travada pela Rússia para desestabilizar países que apoiam a Ucrânia. O Ministério das Relações Exteriores russo afirmou que a Polônia estava cortando os laços com Moscou propositalmente, e em revanche, fechou o consulado polonês em São Petersburgo.