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    Justiça bloqueia bens de Crivella por irregularidades na pandemia

    Renato Steinle de Camargo, Steinle de Camargo, Camargo, Renato Steinle de Camargo, Mohamad Hussein Mourad, Hussein Mourad





    O pedido de bloqueio feito pelo Ministério Público aponta que o ex-prefeito do Rio e os demais envolvidos praticaram atos lesivos à administração pública, em razão de contratos firmados para reestruturação de hospitais e compra de equipamentos.



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  • Trump não vai à Turquia para negociações entre Rússia e Ucrânia, diz autoridade dos EUA

    Trump não vai à Turquia para negociações entre Rússia e Ucrânia, diz autoridade dos EUA

    Renato Steinle de Camargo, Steinle de Camargo, Camargo, Renato Steinle de Camargo, Mohamad Hussein Mourad, Hussein Mourad





    O presidente norte-americano, Donald Trump, não irá à Turquia para participar das negociações entre a Rússia e a Ucrânia na quinta-feira, disse uma autoridade dos EUA nesta quarta-feira.

    A autoridade falou depois que o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou a delegação russa para as negociações, uma lista que não incluía o próprio Putin. Trump havia especulado com a ideia de ir à Turquia se Putin estivesse lá.



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  • Menina de quatro meses viraliza ao ser confundida com bebê reborn ao passear com família; VÍDEO | Pernambuco

    Menina de quatro meses viraliza ao ser confundida com bebê reborn ao passear com família; VÍDEO | Pernambuco

    Renato Steinle de Camargo, Steinle de Camargo, Camargo, Renato Steinle de Camargo, Mohamad Hussein Mourad, Hussein Mourad





    “Depois que a gente saiu da maternidade, que pôde passear com ela na rua, todo mundo que passava pela gente ou parava para querer ver ela melhor, ou comentava ‘até parece uma boneca’ […] Uma vez, uma criança estava passeando com a mãe e disse: ‘olha, mamãe, uma bebê reborn’”, contou.



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  • Enviado especial de Trump critica Lula por viagem e acordos com a China

    Enviado especial de Trump critica Lula por viagem e acordos com a China

    Renato Steinle de Camargo, Steinle de Camargo, Camargo, Renato Steinle de Camargo, Mohamad Hussein Mourad, Hussein Mourad





    Maurício Claver-Clarone repreendeu o petista por ter ido a Pequim enquanto investidores brasileiros estão em Nova York em busca de parcerias

    14 mai
    2025
    – 19h43

    (atualizado às 21h32)




    Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cumprimenta o presidente da China, Xi Jinping, durante a cerimônia de assinatura de Atos, no Palácio do Povo, em Pequim

    Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cumprimenta o presidente da China, Xi Jinping, durante a cerimônia de assinatura de Atos, no Palácio do Povo, em Pequim

    Foto: Ricardo Stuckert/PR – 13.05.2025

    O enviado especial do governo de Donald Trump para a América Latina, Maurício Claver-Carone, criticou a aposta do governo brasileiro por fazer acordos comerciais com a China, especialmente neste momento. Nesta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viajou a Pequim, capital da China. Enquanto isso, empresários e investidores brasileiros estão em Nova York em busca de parcerias.

    “Vi, nos últimos dois dias aqui em Nova York, literalmente, todo grande negócio, grande investidor, empreendedor do Brasil. E acho que isso é maravilhoso. Por quê? Porque vocês é que vão impulsionar a economia brasileira”, afirmou Claver-Carone durante o fórum “Summit Brazil-USA 2025”, promovido pelo jornal Valor Econômico, em Nova York, nesta quarta-feira, 14.

    “Infelizmente, coloco isso em contraste com o presidente do Brasil, que está na China e não no maior mercado de capital do Brasil, fomentando mais investimento dos EUA, seu maior investidor, de longe”, acrescentou.

    Claver-Carone também criticou os acordos entre Brasil e China assinados por Lula durante viagem oficial ao país. Segundo o representante de Trump, esses acordos são como “bolos mais caros” e que engordam mais.

    Apesar das críticas, Claver-Carone ressaltou que as tarifas contra o Brasil não são ideológicas e afirmou que esteve com integrantes do governo Lula nesta semana. Na noite de segunda-feira, 12, o auxiliar de Trump participou de um jantar promovido pelo grupo Esfera, em Nova York, no qual dividiu o palco com Dario Durigan, secretário-executivo do Ministério da Fazenda.

    Na ocasião, Claver-Carone afirmou que, câmbio, crime e corrupção são os três fatores que afastam investimentos americanos do Brasil. Ele chegou a citar a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) como uma “ameaça regional”.



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  • Fraude no INSS: 473,9 mil pessoas não reconheceram descontos e pediram ressarcimento nesta quarta | Política

    Fraude no INSS: 473,9 mil pessoas não reconheceram descontos e pediram ressarcimento nesta quarta | Política

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    Além disso, 41 associações que teriam feito desconto ilegais foram listadas pelos beneficiários. Segurados poderão verificar no app Meu INSS quais associações realizaram descontos em seus benefícios nos últimos cinco anos e informar se as cobranças foram autorizadas ou não.



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  • Anúncio de Trump sobre a Síria surpreendeu suas próprias autoridades de sanções

    Anúncio de Trump sobre a Síria surpreendeu suas próprias autoridades de sanções

    Renato Steinle de Camargo, Steinle de Camargo, Camargo, Renato Steinle de Camargo, Mohamad Hussein Mourad, Hussein Mourad





    Quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na Arábia Saudita, na terça-feira, que suspenderia todas as sanções contra a Síria, a decisão, que impulsionará um país devastado por 13 anos de guerra, pegou muitos na região de surpresa.

    Ela também pegou alguns membros de seu próprio governo desprevenidos.

    Em Washington, integrantes seniores do Departamento de Estado e do Departamento do Tesouro se esforçavam para entender como cancelar as sanções, muitas das quais estão em vigor há décadas, de acordo com quatro autoridades dos EUA familiarizadas com o assunto.

    A Casa Branca não emitiu nenhum memorando ou diretriz para que as autoridades de sanções do Departamento de Estado ou do Tesouro se preparassem para o cancelamento e não as alertou de que o anúncio do presidente era iminente, disse uma autoridade sênior dos EUA à Reuters.

    A remoção repentina das sanções parecia ser um movimento clássico de Trump — uma decisão repentina, um anúncio dramático e um choque não apenas para os aliados, mas também para alguns dos próprios funcionários que implementam a mudança de política.

    Após o anúncio, as autoridades ficaram confusas sobre como exatamente o governo iria desfazer as camadas de sanções, quais estavam sendo aliviadas e quando a Casa Branca pretendia iniciar o processo.

    Quando Trump se reuniu com o presidente interino da Síria, Ahmed al-Sharaa, na Arábia Saudita, nesta quarta-feira, integrantes do Departamento de Estado e do Tesouro ainda não tinham certeza de como proceder, disse a autoridade sênior.

    “Todos estão tentando descobrir como implementar isso”, disse uma autoridade norte-americana em referência ao anúncio do presidente.

    Após a destituição do ex-presidente Bashar al-Assad no final do ano passado, integrantes do Departamento de Estado e do Tesouro elaboraram memorandos e documentos de opções para ajudar a orientar o governo sobre o levantamento das sanções à Síria, se e quando o governo decidisse fazê-lo.

    Mas autoridades da Casa Branca e da segurança nacional, bem como alguns parlamentares, debateram durante meses se deveriam aliviar as sanções, devido aos antigos laços de Sharaa com a Al Qaeda. O líder sírio cortou os laços com o grupo em 2016.

    Antes da viagem de Trump à Arábia Saudita, não havia nenhuma indicação clara — pelo menos para os funcionários do Departamento de Estado e do Tesouro que trabalham com sanções — de que o presidente havia tomado uma decisão, disse a autoridade sênior dos EUA.

    O Departamento de Estado e o Departamento do Tesouro não responderam imediatamente a um pedido de comentário.

    Uma autoridade da Casa Branca disse à Reuters que a Turquia e a Arábia Saudita pediram a Trump que suspendesse as sanções e se reunisse com Sharaa. Em seu anúncio, Trump disse que fez isso para dar à Síria uma chance de um futuro melhor.



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  • STF tem unanimidade para condenar Zambelli

    STF tem unanimidade para condenar Zambelli

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    STF tem unanimidade para condenar Zambelli



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  • Mais de 20 pessoas morreram em acidente em rodovia do México

    Mais de 20 pessoas morreram em acidente em rodovia do México

    Renato Steinle de Camargo, Steinle de Camargo, Camargo, Renato Steinle de Camargo, Mohamad Hussein Mourad, Hussein Mourad





    Pelo menos 21 pessoas morreram em um acidente automobilístico nesta quarta-feira em uma rodovia que liga os Estados mexicanos de Oaxaca e Puebla, informou uma autoridade estadual.

    Em uma publicação nas mídias sociais, o ministro do Interior de Puebla, Samuel Aguilar, disse que o acidente envolveu três veículos e que um número não especificado de outras pessoas estava sendo tratado por ferimentos.



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  • Em áudio, policial cita equipe formada para prender ministros, ‘matar meio mundo’, e se queixa de Bolsonaro: ‘Deu para trás’ | Política

    Em áudio, policial cita equipe formada para prender ministros, ‘matar meio mundo’, e se queixa de Bolsonaro: ‘Deu para trás’ | Política

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    Ainda em novembro, Wladimir também conversou com um delegado que, à época, chefiava uma delegacia de Polícia Federal. Em um áudio, o agente diz que, caso algum ministro do STF fosse preso, que o delegado certamente integraria e pede que, neste caso, ele fosse integrado à equipe responsável pela prisão.



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  • 10 frases de José ‘Pepe’ Mujica que explicam por que ele ‘derrubou fronteiras físicas, ideológicas, culturais e geracionais’

    10 frases de José ‘Pepe’ Mujica que explicam por que ele ‘derrubou fronteiras físicas, ideológicas, culturais e geracionais’

    Renato Steinle de Camargo, Steinle de Camargo, Camargo, Renato Steinle de Camargo, Mohamad Hussein Mourad, Hussein Mourad








    José 'Pepe' Mujica nasceu em Montevidéu, no Uruguai, no dia 20 de maio de 1935

    José ‘Pepe’ Mujica nasceu em Montevidéu, no Uruguai, no dia 20 de maio de 1935

    Foto: Getty Images / BBC News Brasil

    Podia ser pessoalmente ou por telefone, na calma da sua casa ou durante um ato político. Ouvir o ex-presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica sempre deixava algo para se refletir.

    Mujica morreu nesta terça-feira (13/5), aos 89 anos de idade.

    “Uma das desgraças da política é que ela abandonou o campo da filosofia e se transformou demais em um receituário meramente econômico”, declarou ele em 2014, quando ainda era presidente, em sessão plenária da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).

    “Não é que a economia não tenha importância”, prosseguiu ele. “Mas o homem, em algum momento [precisa fazer] estas perguntas: ‘Para onde vai a humanidade?’; ‘Qual é o futuro?’; e ‘Qual é a responsabilidade com a vida?’”

    “A vida humana é quase um milagre no enorme silêncio mineral do universo.”

    Mujica reunia a política e a filosofia. O resultado é o que ele mesmo reconhecia como o “dom da palavra”.

    Ele empregava “a potência do discurso, do relato, para mover as vontades, a partir da emotividade e do pensamento, ‘da razão e do coração’, através da coerência entre o proclamado e o vivido”, como explica o livro José Mujica: Otros Mundos Posibles (“José Mujica: outros mundos possíveis”, em tradução livre), coordenado pelo historiador uruguaio Gerardo Caetano e publicado em 2024.

    “Seu estilo de discurso derrubou fronteiras físicas, ideológicas, culturais e geracionais”, afirma o livro em seguida. “Mujica excede a categoria de viral.”

    Selecionamos abaixo 10 frases deixadas por Mujica em entrevistas concedidas à BBC News Mundo (o serviço em espanhol da BBC) e em outras ocasiões. Elas o definem como um líder político especial.

    1. ‘Pobres são os que mais querem, porque nada chega para eles. Estes são pobres porque eles se metem em uma corrida infinita. Para eles, o tempo de vida não chega’

    Entrevista à BBC News Mundo, em novembro de 2012.

    Quando foi chefe de Estado do Uruguai, entre 2010 e 2015, Mujica era frequentemente chamado de “o presidente mais pobre do mundo”, devido à simplicidade com que vivia e por doar grande parte do seu salário.

    Mas ele rejeitava este rótulo.

    “O que chama a atenção do mundo? Que vivo com pouca coisa, uma casa simples, que ando em um carrinho velho, estas são as novidades?”

    “Então, este mundo está louco, pois fica surpreso com o normal”, declarou Mujica em outra entrevista à BBC News Mundo, em dezembro de 2014.

    Ele morou na sua chácara perto da capital uruguaia, Montevidéu, mesmo enquanto era presidente. Em também continuou dirigindo seu Fusca azul-celeste fabricado em 1987, que se transformou em um símbolo da sua figura política.

    Tanto é verdade que ele chegou a ser recebido em carros parecidos, quando viajou para países como a Guatemala ou a Turquia.



    'Pepe' Mujica dirigindo seu Fusca depois de transmitir o cargo presidencial, em 2015

    ‘Pepe’ Mujica dirigindo seu Fusca depois de transmitir o cargo presidencial, em 2015

    Foto: Getty Images / BBC News Brasil

    Em uma extensa entrevista concedida à BBC News Mundo em 2024, Mujica também explicou este tema.

    “O grosso das nossas sociedades está submetido a uma autoexploração, pois o que ganha não costuma ser suficiente, porque tudo é feito para que nunca seja suficiente.”

    “E precisa conseguir mais, e trabalha mais e cada vez mais, porque gasta cada vez mais. E paga com o quê? Com o seu tempo de vida, que gasta para produzir valor para poder pagar”.

    “Quando sou livre? Quando escapo da lei da necessidade”, concluiu ele.

    2. ‘Sei que sou um velho meio louco, porque filosoficamente sou estoico, pela minha forma de viver e pelos valores que defendo. E isso não se encaixa no mundo de hoje’

    Entrevista à BBC News Mundo, novembro de 2024.

    “Alguns me dizem: ‘Você é marxista’.”

    “Não, o estoicismo é mais antigo que o cristianismo, não brinque comigo. É uma antiga corrente filosófica, uma concepção da vida. Daí vem a sobriedade com que vivo”, declarou Mujica, na mesma entrevista de 2024.

    Desafiador como era, ele acrescentou: “E, como fui presidente, eles vêm aqui, veem esta casinha e me admiram. Mas não me copiam nem um pouquinho.”

    Em janeiro de 2025, Mujica deixou público que o câncer de esôfago de que ele sofria havia se espalhado pelo corpo. Ele pediu que, nos seus últimos dias de vida, se permitisse que ele ficasse tranquilo, na sua chácara, trabalhando na terra.

    Não por acaso, um dos princípios básicos do estoicismo é viver em harmonia com a natureza, acreditando que os seres humanos fazem parte de um todo maior.

    Neste sentido, em 2013, quando era presidente do Uruguai, ele deu um discurso ante a Assembleia Geral das Nações Unidas.

    Mujica começou dizendo: “Me angustia, e de que maneira, o porvir que não verei e pelo qual me comprometo.”

    “Prometemos uma vida de esbanjamento e desperdício e, no fundo, ela constitui uma conta regressiva contra a natureza e contra a humanidade como futuro”, prosseguiu ele. “Civilização contra a simplicidade, contra a sobriedade, contra todos os ciclos naturais.”

    3. ‘Estes anos de solidão provavelmente foram os que mais me ensinaram (…). Precise repensar tudo e aprender a galopar para dentro por alguns momentos, para não ficar louco’

    Entrevista à BBC News Mundo, novembro de 2012.

    Na década de 1960, “Pepe” Mujica participou da fundação do Movimento de Liberação Nacional-Tupamaros (MLN-T), uma guerrilha urbana de esquerda que tentou tomar o poder pelas armas.

    Ele foi preso quatro vezes e passou, ao todo, 14 anos na prisão. Naquele período, foi submetido a torturas e isolado em cisternas ou caixas de cimento.

    “Quando fiquei preso, passei quase sete anos sem livros, em um quarto menor do que este”, contou ele à BBC em 2024.

    “Eles me transportavam de um quartel para outro. Então, acabei contraindo o vício da misantropia, de falar comigo mesmo.”

    “Aquilo foi como uma autodefesa, nas condições em que eu estava, para não perder o juízo. Mas acabou incorporado. Se transformou em um costume.”



    Mujica foi libertado em 1985, depois de passar 14 anos na prisão, onde foi torturado e tratado de forma desumana

    Mujica foi libertado em 1985, depois de passar 14 anos na prisão, onde foi torturado e tratado de forma desumana

    Foto: Getty Images / BBC News Brasil

    Mujica foi libertado em março de 1985, com a volta da democracia ao Uruguai. Ele conta que aquele dia era a recordação mais feliz da sua vida.

    Em um discurso, dois dias depois da libertação, ele afirmou: “Aprendemos, também, sem livros, um modo de olhar […] um tanto panteísta.”

    “Gostávamos das aranhas, gostávamos das formigas, porque eram a única coisa viva que tínhamos na solidão dos nossos calabouços. Somos da natureza e com ela estamos.”

    4. ‘No meu jardim, há décadas não cultivo o ódio. Porque aprendi uma dura lição imposta pela vida: que o ódio acaba estupidizando, porque nos faz perder a objetividade frente às coisas’

    Discurso de renúncia ao cargo de senador uruguaio, outubro de 2020.

    Como outros líderes latino-americanos, “Pepe” Mujica despertou paixões favoráveis e contrárias. Mas governou mais com pragmatismo do que com ideologia.

    Depois de deixar a presidência com larga popularidade, ele evitou voltar ao cargo e passou a ser senador.

    Em outubro de 2020, Mujica renunciou devido ao risco representado pela sua idade avançada durante a pandemia de covid-19. Ele, então, alertou contra o “ódio” e se abraçou ao ex-presidente uruguaio Julio María Sanguinetti, de quem havia sido adversário político.

    Estas palavras vão de encontro ao seu discurso de 1985, logo após sua libertação da prisão.

    “Não acompanho o caminho do ódio, nem mesmo contra aqueles que cometeram baixezas contra nós. O ódio não constrói.”

    “Não se trata de uma postura demagógica, não é questão de evitar os problemas, não se trata de colocar uma feição bonita; estes são princípios, coisas que não podemos penhorar.”



    'Me angustia, e de que maneira, o porvir que não verei e pelo qual me comprometo', declarou 'Pepe' Mujica em 2013, frente à Assembleia Geral das Nações Unidas

    ‘Me angustia, e de que maneira, o porvir que não verei e pelo qual me comprometo’, declarou ‘Pepe’ Mujica em 2013, frente à Assembleia Geral das Nações Unidas

    Foto: Getty Images / BBC News Brasil

    5. ‘Vocês vão envelhecer, vão ter rugas e, algum dia, vão se olhar no espelho e terão que se perguntar, naquele dia, se vocês traíram a criança que tinham dentro de si’

    Discurso no Brasil, durante o Congresso da União Nacional dos Estudantes, julho de 2023.

    Quando era presidente, “Pepe” Mujica usava um velho celular dobrável, que amarrava com uma fita elástica.

    Dizia que, “por ser velho”, não era adepto das novidades tecnológicas. E também evitava as redes sociais.

    Ainda assim, muitas das suas frases e discursos viralizaram, principalmente entre os jovens. Foi o que ocorreu quando discursou durante o Congresso da União Nacional dos Estudantes, no Brasil.

    Sobre seu lado viral, ele declarou para o livro José Mujica: Otros Mundos Posibles:

    “Acredito que o mundo está tão cheio de lugares comuns que causa uma certa surpresa um sujeito que diz coisas um pouco diferentes.”

    “Existe uma crise de avôs”, disse Mujica. “Nas sociedades modernas, não existem avôs.”

    “Há um vazio. E eles se agarram a mim como a um avô, principalmente os jovens.”



    'Existe uma crise de avôs. Nas sociedades modernas, não existem avôs. Há um vazio. E eles se agarram a mim como a um avô, principalmente os jovens.'

    ‘Existe uma crise de avôs. Nas sociedades modernas, não existem avôs. Há um vazio. E eles se agarram a mim como a um avô, principalmente os jovens.’

    Foto: Getty Images / BBC News Brasil

    Semanas depois de deixar a presidência, em abril de 2015, Mujica aceitou participar de uma conversa virtual com o público da BBC News Mundo.

    Ele respondeu perguntas que chegaram por correio eletrônico e pelas redes sociais de todas as partes do planeta – do Irã à Indonésia, da Rússia ao Azerbaijão e, é claro, da América Latina.

    Na ocasião, ele declarou: “O que não posso aceitar é ver um casalzinho em um café e, em vez de eles se darem as mãos, ficam olhando seus telefones. Não entendo.”

    6. ‘O que me assusta é o narcotráfico, não a droga. E, pela via repressiva, é uma guerra perdida. Está sendo perdida em todos os lugares’

    Entrevista à BBC News Mundo, novembro de 2012.

    Outro motivo que chamou a atenção do mundo para Mujica quando era presidente foi seu apoio a reformas jurídicas e sociais no Uruguai, como a descriminalização do aborto, o reconhecimento do matrimônio de casais do mesmo sexo e a legalização da maconha.

    Mujica sancionou uma lei aprovada pelo parlamento nacional em 2013, que transformou o Uruguai no primeiro país do mundo a colocar nas mãos do Estado a produção, distribuição e venda de maconha.

    Ele nunca defendeu o consumo de drogas, mas justificou este caminho como uma forma de retirar clientes do narcotráfico. Era uma alternativa à estratégia de proibição, que Mujica considerava um fracasso.

    Outra das reformas que despertou o reconhecimento internacional do então presidente foi a transformação da matriz energética uruguaia, impulsionando as fontes renováveis de energia.



    Trabalhar a terra na sua chácara era uma das grandes paixões de 'Pepe' Mujica

    Trabalhar a terra na sua chácara era uma das grandes paixões de ‘Pepe’ Mujica

    Foto: Getty Images / BBC News Brasil

    7. ‘Triunfar na vida não é ganhar. Triunfar na vida é se levantar e começar de novo cada vez que se cai’

    Discurso de renúncia ao cargo de senador, outubro de 2020.

    A própria vida de “Pepe” Mujica foi repleta de queda e retornos.

    Quando era guerrilheiro, ele foi capturado quatro vezes pelas forças de segurança uruguaias. E, em uma dessas ocasiões, ele levou seis tiros que colocaram sua vida em perigo.

    Mujica fugiu duas vezes da prisão – uma delas, por um túnel com mais 105 presos tupamaros – e foi novamente detido nas duas ocasiões.

    Na época, ninguém imaginava que ele acabaria sendo presidente do Uruguai, eleito pelo voto democrático.

    No livro Una Oveja Negra al Poder (“Uma ovelha negra no poder”, em tradução livre), dos jornalistas uruguaios Andrés Danza e Ernesto Tulbovitz, Mujica falou de seus erros com um tom menos envergonhado.

    “Posso estar errado, mas sempre tive meus sonhos, que são grandes. Eles não podem dizer que não tenho estratégia; pode ser uma bobagem, mas tenho.”

    “Para sonhar, ainda tenho pernas”, contou ele.

    8. ‘Foi criada uma literatura falsa contra o Estado. Mas o Estado é como a caixa de ferramentas, não tem consciência. A falha é nossa, dos seres humanos que administram o Estado.’

    Entrevista à BBC News Mundo, novembro de 2024.

    Além dos elogios, o governo de Mujica também recebeu críticas por vários motivos.

    Um deles foi o aumento dos gastos e o déficit fiscal do país em tempos de bonança. A economia uruguaia cresceu, em média, 5,4% ao ano durante o mandato de Mujica.

    O país reduziu a pobreza naqueles anos, mas Mujica se criticava por não ter conseguido eliminá-la.

    “É inconcebível que, no Uruguai, haja tantas pessoas com dificuldades para comer”, declarou ele à BBC em 2024.

    “E eu também tenho responsabilidade por isso. Pude e devia ter feito mais.”

    Mujica também não atingiu seu propósito declarado de reverter a deterioração da educação uruguaia.



    'Pepe' Mujica conheceu muitos líderes mundiais durante seus cinco anos na presidência do Uruguai e suas décadas na político. Nesta foto de 2014, ele visita o presidente americano Barack Obama, na Casa Branca.

    ‘Pepe’ Mujica conheceu muitos líderes mundiais durante seus cinco anos na presidência do Uruguai e suas décadas na político. Nesta foto de 2014, ele visita o presidente americano Barack Obama, na Casa Branca.

    Foto: Getty Images / BBC News Brasil

    Em 2015, em diálogo com um público da BBC News Mundo, ele declarou:

    “O poder do presidente é relativo, porque todos dizem ‘Sim, senhor’. Mas, para que isso aconteça, para que o que você que aconteça se torne realidade, falta muito.”

    Ainda assim, no seu discurso durante o Congresso da União Nacional dos Estudantes do Brasil, em 2023, Mujica disse que “a democracia não é perfeita”.

    “A democracia está cheia de defeitos porque são nossos defeitos humanos, mas não encontramos nada melhor até hoje. Por isso, é fácil perdê-la e difícil voltar a ganhar. É preciso cuidar dela.”

    Outra diferença entre Mujica e outros líderes políticos da região é que ele nunca foi acusado diretamente por denúncias de corrupção durante o exercício do governo.

    9. ‘Não quero nos chamar de América Latina porque não somos só descendentes de latinos. Somos descendentes de negros, de povos indígenas e de asiáticos; somos descendentes de todos os pobres e perseguidos do mundo, que vieram para a América para sonhar com o futuro.’

    Discurso no Brasil, durante o Congresso da União Nacional dos Estudantes, julho de 2023.

    “Precisamos construir um novo relato da nossa própria história”, declarou Mujica neste discurso de 2023.

    Ele criticou em várias oportunidades a expressão “América Latina”, mas era um profundo defensor da região.

    Em março de 2010, no seu discurso ao Parlamento uruguaio na cerimônia de posse na presidência, Mujica disse:

    “Fizemos, talvez, muitos países bonitos, mas continuamos fracassando ao fazer a Pátria Grande; pelo menos até agora. Nós não perdemos a esperança, pois os sentimentos ainda estão vivos.”

    “Do rio Bravo até as Malvinas, vive uma só nação: a nação latino-americana.”



    Para Mujica, 'Lula é uma exceção da generosidade do gênero humano. Ele manteve estreitas relações com o presidente brasileiro, mais além da diplomacia.

    Para Mujica, ‘Lula é uma exceção da generosidade do gênero humano. Ele manteve estreitas relações com o presidente brasileiro, mais além da diplomacia.

    Foto: Getty Images / BBC News Brasil

    Mujica acreditava que a política externa é “a política nacional mais importante”.

    Em 2012, ele afirmou sobre os dois países limítrofes do Uruguai que “os países não se mudam [de lugar].”

    “Cabe a nós viver entre o Brasil e a Argentina […] Não há equilíbrio porque somos muito pequenos. Por isso, precisamos ser duplamente inteligentes.”

    10. ‘Todas as coisas vivas são feitas para lutar para viver, desde uma planta ou uma rã até nós. Chegamos à conclusão: isso é colocado para dar sabor à vida.’

    Entrevista à BBC News Mundo, novembro de 2024.

    Em suas palestras e discursos, Mujica costumava misturar temas políticos com reflexões sobre o amor, a vida e a morte, que sempre declarou ver com naturalidade.

    “Sou um ancião que está muito perto de empreender a retirada da qual não se volta”, disse ele, em um ato em outubro de 2024. Sua declaração comoveu muitas pessoas, que chegaram às lágrimas.

    “Mas estou feliz porque vocês estão aqui, porque, quando meus braços se forem, haverá milhares de braços substituindo a luta”, prosseguiu ele. “E, por toda a minha vida, eu disse que os melhores dirigentes são os que deixam um grupo que os supera com vantagem.”

    Na entrevista de 2024 à BBC News Mundo, Mujica contou que “deveria ser um crente fanático. Porque a morte andou rondando a cama onde eu estava por várias vezes. E consegui chegar até hoje.”

    “E, apesar de todos os pesares, fiquei anos preso, aconteceu de tudo comigo e, depois, fui presidente. Então, preciso gritar ‘obrigado à vida’.”



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