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  • Como Portugal passou de país estável à 3ª eleição em 3 anos, em meio a acusações de corrupção

    Como Portugal passou de país estável à 3ª eleição em 3 anos, em meio a acusações de corrupção

    Renato Steinle de Camargo, Steinle de Camargo, Camargo, Renato Steinle de Camargo, Mohamad Hussein Mourad, Hussein Mourad








    O governo do primeiro-ministro, Luís Montenegro, foi derrubado após um escândalo envolvendo cassinos

    O governo do primeiro-ministro, Luís Montenegro, foi derrubado após um escândalo envolvendo cassinos

    Foto: Miguel A Lopes/EPA / BBC News Brasil

    Pela terceira vez em três anos, Portugal se prepara para ir novamente às urnas nas eleições legislativas, que acontecem no próximo domingo (18/5).

    O pleito ocorre antecipadamente, depois da queda do primeiro-ministro, Luís Montenegro, motivada por um escândalo envolvendo uma empresa de consultoria de propriedade de sua família, o que provocou acusações de conflito de interesse.

    A polêmica, que culminou com a queda da Alternativa Democrática, uma coalizão formada pelo Partido Social Democrata (PSD) e o Centro Democrático Social (CDS) começou em fevereiro, quando o caso se tornou público.

    A imprensa portuguesa noticiou que o primeiro-ministro tinha uma empresa de consultoria empresarial, viticultura, seguros e negócios imobiliários. A Spinumviva foi fundada por Montenegro e sua família em 2021, quando ele não ocupava nenhum cargo político.

    Em junho de 2022, após ser eleito presidente do PSD, Montenegro vendeu suas ações na empresa à sua mulher e aos seus dois filhos. Com esta transação, Montenegro pretendia evitar um potencial conflito de interesses. No entanto, segundo o Código Civil português, a transação seria nula, já que Montenegro é casado em regime de comunhão de bens e, por isso, o que pertence à esposa também pertence a ele.

    Um dos principais clientes da empresa é a Solverde, um grupo hoteleiro e de casinos que paga à Spinumviva uma mensalidade de 4.500 euros (R$ 28.607), para o qual Montenegro trabalhou como advogado antes de ser eleito presidente do PSD. Trata-se de um grupo empresarial cuja concessão de quatro casinos – que tem de ser atribuída pelo Governo – termina no fim de 2025.

    O semanário português Expresso revelou ainda que todos os outros clientes da Spinumviva foram conseguidos por Montenegro. A sede da empresa era a casa do primeiro-ministro, e o contato era o celular pessoal dele.

    A oposição exigiu explicações, que foram dadas de forma muito superficial, e o cerco em torno dos bens e negócios do primeiro-ministro se apertou.

    O Ministério Público abriu uma investigação preventiva contra a empresa de Montenegro. No âmbito político, o partido da direita radical, Chega (CH), e o Partido Comunista (PC) apresentaram duas moções de censura no parlamento, que foram rejeitadas. Já o Partido Socialista (PS) exigiu uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigasse o caso no Parlamento.

    Montenegro se negou a abrir a CPI e apresentou uma moção de confiança, apesar dos avisos do Partido Socialista de que não votaria a favor. O desfecho esperado ocorreu em 11 de março: a moção de confiança não foi aprovada e o governo caiu, forçando o país a convocar eleições antecipadas.

    “Essas eleições foram provocadas por um problema pessoal do primeiro-ministro”, diz o cientista político António Costa Pinto.

    “Luís Montenegro provocou essas eleições com uma moção de confiança que se sabia, de cara, que seria rejeitada por uma questão de sobrevivência política, para evitar uma comissão de inquérito e um grave problema político para o primeiro-ministro.”

    Três anos, três eleições

    Num país acostumado com governos estáveis, Portugal atravessa agora um período conturbado com três eleições legislativas em três anos e uma sucessão de governos que não conseguiram levar seu mandato até ao fim.

    Tudo começou em janeiro de 2022, após o socialista António Costa ter visto os seus parceiros de Governo rejeitarem seu orçamento de Estado. As eleições que se seguiram deram a Costa uma maioria absoluta rara hoje em dia.

    E quando todos se preparavam para quatro anos de estabilidade, o socialista acabaria por se demitir dois anos depois, ao se ver envolvido num suposto caso de corrupção e tráfico de influências na concessão de projetos energéticos no país, no qual António Costa nunca chegou a ser formalmente acusado.

    No dia 7 de novembro de 2023, o Ministério Público anunciou que investigaria o primeiro-ministro, e António Costa demorou poucas horas para anunciar sua decisão.

    “As funções de primeiro-ministro não são compatíveis com a suspeita de qualquer ato criminal”, disse Costa. “Obviamente, apresentei minha demissão ao senhor presidente da República”.

    Atualmente, o caso continua a se arrastar pelos tribunais acumulando vários erros, dentre eles a confusão em escutas telefônicas entre o nome do primeiro-ministro (António Costa) e o nome do ministro da economia (António Costa Silva) e sem que o envolvimento do primeiro-ministro tenha sido demonstrado.

    António Costa, que sempre negou ter cometido qualquer ato ilícito, prestou depoimento espontaneamente no tribunal, respondendo a todas as questões e saindo sem qualquer acusação, ainda que também não tenha sido formalmente acusado. Na sequência, sem nenhuma implicação na Justiça, o socialista assumiu a presidência do Conselho Europeu.



    Pedro Nuno Santos, do Partido Socialista, ocupa o segundo lugar nas pesquisas, com pouca distância, mas com pouca chance de vitória

    Pedro Nuno Santos, do Partido Socialista, ocupa o segundo lugar nas pesquisas, com pouca distância, mas com pouca chance de vitória

    Foto: José Coelho/EPA / BBC News Brasil

    O caso que envolveu Costa levou o país às segundas eleições antecipadas, em março de 2024, nas quais Luís Montenegro, da Alternativa Democrática (AD), sairia vencedor. As urnas apontaram uma pequena diferença de 1% entre os votos da AD e do Partido Social Democrata (PSD) e o governo de centro-direita começou um mandato numa situação de minoria parlamentar.

    “Com essas eleições, Montenegro tenta resolver dois problemas: por um lado se legitimar novamente em termos eleitorais e, a partir daí, assegurar a sua sobrevivência política e aumentar um pouco a diferença para o Partido Socialista”, explica o professor. “Ele já tinha dito que mesmo que sofresse alguma investida do sistema judicial, não se demitia, e se ganhar as eleições ganha legitimidade eleitoral”.

    Pesquisas

    As pesquisas dão vantagem à AD, e mostram ainda uma coisa importante: o bloco formado pelos partidos de esquerda continuará, muito provavelmente, sendo minoria no Parlamento, o que fará com que o governo precise da centro-direita.

    Às vésperas das eleições, a pesquisa Pitagórica para o Jornal de Noticias, Radio TSF e Televisão TVI/CNN dava à AD 31,5% dos votos, contra 26,5% do PS. Os resultados demonstram que o caso que envolveu o primeiro-ministro não parece afetar a intenção de voto dos portugueses.

    “Há muitos estudos que nos dizem que as pessoas reprovam os desvios éticos por parte dos políticos, como é normal, mas depois, isso não tem grande impacto no voto porque os eleitores avaliam os casos de acordo com a afinidade que têm com o partido: os eleitores desse partido tendem a adotar uma posição de defesa da formação”, explica o cientista político Hugo Ferrinho.

    “Luís Montenegro pegou a oposição de surpresa, que não desejava essas eleições, e criou uma estratégia na qual o governo influencia a ida às urnas, colocando todos os seus ministros como candidatos nos diversos círculos eleitorais e aproveitando o pouco desgaste de um governo que está no poder há apenas um ano”, completa Costa Pinto. “Para muitos segmentos do eleitorado, o caso ético de conflito de interesses não parece ser determinante nas atitudes eleitorais. Não existe uma grande punição”.

    O PS, com Pedro Nuno Santos de candidato, ocupa o segundo lugar nas pesquisas, com pouca distância, mas com pouca chance de vitória. “O PS tem feito a campanha possível para um partido com um novo secretário-geral, depois de ter estado oito anos no poder, e com um governo que tem apenas um ano de duração, que é uma conjuntura que não favorece o retorno dos socialistas ao poder”, analisa Costa Pinto.

    Em terceiro lugar está o partido da direita radical Chega, que mantém mais ou menos o percentual de votos que teve nas eleições passadas, com 18,1% das intenções de voto. O partido de André Ventura teve, na última ida às urnas, um aumento de 12 para 50 deputados, mas não chegou a entrar no Executivo. “Nunca vou fazer um acordo político com o Chega. Não, é não”, prometeu Montenegro em campanha. E cumpriu, preferindo governar em minoria.

    Segurança e imigração

    Ainda assim, o resultado do Chega foi suficiente para influenciar parte do discurso do governo, que se tentou colar ao de alguns candidatos do partido da direita radical em temas como a segurança ou a imigração.

    Apesar de Portugal estar no top 10 de países mais seguros do mundo do Global Peace Index, o discurso do primeiro-ministro sobre a segurança no país girou sempre em torno da “necessidade de reforço”.

    “Temos uma estratégia de maior policiamento e maior visibilidade. De forma eficiente e eficaz queremos diminuir a criminalidade, sobretudo a violenta”, disse Montenegro durante a campanha.

    Meses antes, foi polêmica a ação policial desencadeada no bairro de Martim Moniz em Lisboa, um bairro caracterizado pela imigração asiática. As imagens mostravam um enorme aparato policial, dezenas de imigrantes encostados à parede dos edifícios, de mãos para o alto, sendo revistados pelos policiais, no que foi denominado como uma “operação especial de prevenção criminal”.

    No fim, foram apreendidos 4 mil euros, uma faca e um celular. “Não gostei de ver, mas tinha de ser assim”, foi a reação do primeiro-ministro no Parlamento, quando foi confrontado pela oposição.

    Já durante a campanha, o governo anunciou a expulsão de 18 mil imigrantes, dos quais 449 são brasileiros, por não cumprirem os requisitos para continuarem no país. A decisão anunciada faz parte de um processo de regularização de imigrantes que conta com mais de 110 mil pedidos e dos quais, segundo o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, “a maioria será deferida”.



    Partido da direita radical, Chega, de André Ventura, está em terceiro lugar nas pesquisas

    Partido da direita radical, Chega, de André Ventura, está em terceiro lugar nas pesquisas

    Foto: Antonio Carrapato/EPA / BBC News Brasil

    Ainda assim, e apesar da diferença de números, o governo preferiu centrar a comunicação nos 18 mil que vão ter de abandonar o país. “Essa informação confirma que a política de imigração em Portugal passou a ser de imigração regulada, que as regras de imigração são para cumprir e que a sua desobediência tem consequências”, disse Leitão Amaro.

    “Em ciência política isso se chama fenômeno de acomodação dos temas dos partidos mais radicais. Pelo menos em teoria, a estratégia do governo de Montenegro é esvaziar, em termos programáticos, a agenda do Chega, assumir os temas que lhe são mais caros, adotar medidas que estão mais associadas a ele e, com isso, retirar os motivos que os eleitores teriam para votar no Chega, atraindo eles à AD”, explica Ferrinho.

    Se a estratégia dará frutos é algo que ainda não é possível saber. “Muitos estudos sugerem que quando a centro-direita assume os temas da direita radical, em questões como nacionalismo, segurança e imigração, muitas vezes as pessoas preferem votar no “original” e não na “cópia”, e o que se verifica é um aumento do voto na direita radical”, continua o cientista político.

    Sucessão de escândalos

    Do comportamento do potencial eleitorado da direita radical depende, muito em parte, o resultado deste domingo “Parece que estamos diante do início de um processo de estagnação”, diz Ferrinho, “mas os dados que temos não indicam uma grande queda.”

    Isso tudo, apesar dos escândalos que envolveram o partido no último ano. O mais grave deles, o do vereador da cidade de Lisboa, Nuno Pardal, acusado de prostituição infantil por manter relações sexuais com um rapaz de 15 anos a quem pagou 20 euros, ao mesmo tempo que, publicamente, dizia que “a proteção dos menores contra a exploração sexual e o abuso sexual é um ponto fundamental da Justiça para o Chega”, e defendia a castração química para quem tivesse relações sexuais com menores.

    Outro dos casos mais badalados foi o de Manuel Arruda, que todas as semanas viajava em avião entre Lisboa e a ilha de São Miguel, nos Açores, viagens que aproveitava para roubar malas cujo conteúdo vendia na plataforma de venda de objetos de segunda mão Vinted. A polícia encontrou 17 malas no seu domicílio.

    Finalmente, José Paulo Sousa, deputado regional do Chega, foi detido pela polícia por conduzir em estado de embriaguez, com uma taxa de álcool de 2,25 gr/litro. Segundo a legislação portuguesa, conduzir com mais de 1,2 gr/litro é crime passível de prisão.

    Num partido cujo lema é “limpar Portugal”, os três casos caíram como uma bomba. Nuno Pardal se demitiu, Manuel Arruda abandonou o partido e continuou como deputado independente depois de André Ventura ter pedido a sua demissão, e Sousa continua no partido regional, com André Ventura defendendo que “o deputado assumiu a sua culpa”.

    Se os três casos parecem não passar a fatura ao partido, na semana passada, os resultados do estudo europeu From provider to precarious: how young men’s economy decline fuels the anti-feminist backlash [De provedor a precário: como o declínio da economia dos homens jovens alimenta a reação antifeminista] parecem reforçar a sua posição, revelando que os rapazes portugueses votam cinco vezes mais na direita radical do que as mulheres jovens. Trata-se do segundo número mais alto da União Europeia.

    As razões, aponta o estudo, estão no “declínio em termos de riqueza, emprego, poder de compra e nível de escolaridade e saúde mental” que faz com que os jovens com menos de 25 anos se sintam atraídos pela “visão tradicional da masculinidade” que defendem os movimentos da direita radical.

    “O Chega parece estar mais ou menos no mesmo patamar de um ano atrás, por volta dos 18%, 19% dos votos, e isso pode depender também da adesão às urnas”, explica Ferrinho. “Num país com tantas repetições eleitorais, os eleitores podem acusar uma certa fadiga que os leve a uma maior abstenção e isso pode contribuir para uma menor concentração de votos no Chega”, expõe.

    Da mesma forma que “o fato de o Chega continuar sem ser um aliado possível para um governo de direita pode fazer com que os eleitores decidam concentrar o voto útil na AD, ou até na Iniciativa Liberal”, partido de direita liberal.

    O que parece certo é que, seja qual for o resultado de domingo, Portugal vai voltar a ter um governo minoritário, obrigado a muita negociação para conseguir manter a estabilidade no país.



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  • Como a pistola 9mm superou o revólver 38 e a 380 como arma mais popular do Brasil | Política

    Como a pistola 9mm superou o revólver 38 e a 380 como arma mais popular do Brasil | Política

    Renato Steinle de Camargo, Steinle de Camargo, Camargo, Renato Steinle de Camargo, Mohamad Hussein Mourad, Hussein Mourad





    A 9mm tem, ainda, quase o dobro da potência da pistola 380 (453,56 joules contra 245,32 joules). Além disso, o formato da bala, cônica, dá à 9mm um maior poder de penetração – podendo atingir pessoas atrás de obstáculos com mais facilidade.



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  • Polícia boliviana lança gás lacrimogêneo em apoiadores de Morales que protestam contra proibição eleitoral

    Polícia boliviana lança gás lacrimogêneo em apoiadores de Morales que protestam contra proibição eleitoral

    Renato Steinle de Camargo, Steinle de Camargo, Camargo, Renato Steinle de Camargo, Mohamad Hussein Mourad, Hussein Mourad





    As tensões aumentaram na capital administrativa da Bolívia, La Paz, nesta sexta-feira, quando os partidários do ex-presidente Evo Morales se reuniram em frente ao tribunal eleitoral, exigindo sua reintegração como candidato na corrida presidencial deste ano.

    O tribunal constitucional da Bolívia confirmou nesta semana a decisão de um tribunal inferior que proibiu os presidentes de exercerem mais de dois mandatos, na prática impedindo Morales de concorrer ao que seria seu quarto mandato.

    Houve confrontos entre os manifestantes e a polícia, que lançou gás lacrimogêneo e disparou paintballs para dispersar a multidão.

    “Veja o que eles estão fazendo conosco”, disse o manifestante Jorge Aduviri. “Há crianças aqui, idosos e mulheres grávidas.”

    Entre os manifestantes, mulheres indígenas se ajoelharam em sinal de desafio, enquanto outras entoavam palavras de ordem contra o atual governo.

    Morales, um ex-agricultor de coca indígena que liderou a Bolívia por quase 14 anos, deixou o poder sob suspeitas em novembro de 2019, depois de concorrer a um quarto mandato sem precedentes em uma eleição marcada por alegações de fraude.

    “Não temos dinheiro”, disse a manifestante Flora Quispe. “Queremos que Evo seja presidente novamente!”



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  • Envelhecimento da população e queda da natalidade podem exigir novas reformas da Previdência

    Envelhecimento da população e queda da natalidade podem exigir novas reformas da Previdência

    Renato Steinle de Camargo, Steinle de Camargo, Camargo, Renato Steinle de Camargo, Mohamad Hussein Mourad, Hussein Mourad





    Em 2023, o Brasil teve o menor número de nascimentos desde 1976. Segundo especialistas consultados pelo g1, mercado de trabalho brasileiro está mais velho e sistema previdenciário pode ser insuficiente para atender à demanda futura por aposentadorias.



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  • Rumores após influenciadora do México ser morta em transmissão ao vivo culpam a própria vítima

    Rumores após influenciadora do México ser morta em transmissão ao vivo culpam a própria vítima

    Renato Steinle de Camargo, Steinle de Camargo, Camargo, Renato Steinle de Camargo, Mohamad Hussein Mourad, Hussein Mourad





    Assim que a influenciadora de beleza Valeria Márquez, de 23 anos, foi assassinada em uma transmissão ao vivo do TikTok, os rumores começaram a circular no México.

    Comentários inundaram as redes sociais culpando-a pela própria morte, dizendo que ela estava envolvida em negócios obscuros, que seu ex-namorado era traficante e que ela “merecia”.

    Nesta sexta-feira a mídia e os políticos já estavam seguindo em frente, e Márquez parecia destinada a se tornar mais uma na longa lista de mulheres mexicanas cujo assassinato choca brevemente a população, para depois ficar em segundo plano até que o próximo crime hediondo aconteça.

    “Isso reflete um nível de saturação, um nível de aceitação social desse tipo de assassinato”, disse Gema Kloppe-Santamaria, socióloga da University College Cork, na Irlanda, que estuda a violência de gênero no México.

    “Há muita revitimização que, na minha opinião, permite que as pessoas digam: ‘Vamos seguir em frente. Isso é algo que não vai acontecer conosco. Não acontece com boas meninas. Não acontece com mulheres mexicanas decentes’.”

    Com quase 200 mil seguidores no Instagram e no TikTok, Márquez era conhecida por seus vídeos sobre beleza e maquiagem. Na terça-feira, ela segurava um bichinho de pelúcia e fazia uma transmissão ao vivo do salão de beleza onde trabalhava, no estado de Jalisco, quando uma voz masculina ao fundo perguntou: “E aí, Vale?”

    “Sim”, respondeu Márquez, pouco antes de o som da transmissão ao vivo ser silenciado.

    Momentos depois, ela foi morta a tiros. Uma pessoa pegou seu telefone, e seu rosto apareceu brevemente na transmissão ao vivo antes de o vídeo terminar.

    Quase imediatamente, a mídia local focou em um homem que identificaram como ex-namorado de Márquez. O homem, conforme a mídia, era um líder regional do Cartel Nova Geração de Jalisco, um dos cartéis de drogas mais notórios do México.

    A mídia local compartilhou supostas mensagens de texto entre o casal que pareciam mostrar o ex-namorado ameaçando Márquez por ela o ter ignorado.

    A Reuters não conseguiu verificar de forma independente a identidade do ex-namorado, nem contatá-lo para obter comentários. A família de Márquez não quis falar com a Reuters.

    O promotor estadual de Jalisco, Salvador Gonzalez de los Santos, disse que o assassinato de Márquez está sendo investigado como um possível feminicídio — o assassinato de mulheres ou meninas por razões de gênero –, mas se recusou a dizer se o ex-namorado de Márquez era suspeito.

    “Qualquer pessoa associada a essa garota, sejam amigos, parentes, conhecidos ou namorados, está sendo investigada ou entrevistada”, disse los Santos em uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira.

    INDIGNAÇÃO PASSA

    Marquez é uma das inúmeras meninas e mulheres assassinadas, cujas mortes nos últimos anos desencadearam uma onda de indignação e protestos.

    Entre elas estão Ingrid Escamilla, de 25 anos, que foi esfaqueada, esfolada e mutilada em 2020; Fatima Cecilia Aldrighett, de 7 anos, que no mesmo ano foi sequestrada na escola e seu corpo posteriormente encontrado embrulhado em um saco plástico; Debanhi Escobar, de 18 anos, que desapareceu na beira de uma rodovia em 2022 e cujo corpo foi encontrado em uma cisterna 13 dias depois.

    O namorado de Escamilla foi condenado e sentenciado pelo assassinato. Duas pessoas foram recentemente sentenciadas no caso de Aldrighett. Já o caso de Escobar permanece sem solução, após uma investigação marcada por erros e pela demissão de dois promotores por “omissões e erros”, segundo um comunicado do Ministério Público. Uma autópsia do governo alegou inicialmente que Escobar havia caído na cisterna, uma versão contrariada por duas autópsias subsequentes.

    “Cada caso passa por um ciclo midiático e depois surge outro”, disse Anayeli Perez, assessora jurídica do Observatório Nacional Cidadão sobre Feminicídio. “Isso fala de uma sociedade cujo tecido social está se desintegrando.”

    Em 2023, o México registrou 852 feminicídios, de acordo com o relatório mais recente da Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe. O país tem a quarta maior taxa de feminicídios per capita da região, com Honduras, República Dominicana e Brasil com números ainda mais altos.



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  • Julgamento de Diddy: As revelações das testemunhas até agora

    Julgamento de Diddy: As revelações das testemunhas até agora

    Renato Steinle de Camargo, Steinle de Camargo, Camargo, Renato Steinle de Camargo, Mohamad Hussein Mourad, Hussein Mourad





    Julgamento discute as denúncias contra o rapper, acusado de associação ilícita, tráfico sexual e de liderar uma rede ilegal de prostituição.



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  • China, Argentina e União Europeia suspendem importação de carne de frango do Brasil

    China, Argentina e União Europeia suspendem importação de carne de frango do Brasil

    Renato Steinle de Camargo, Steinle de Camargo, Camargo, Renato Steinle de Camargo, Mohamad Hussein Mourad, Hussein Mourad





    Gripe aviária: China, Argentina e União Europeia suspendem importação de carne de frango do Brasil. A suspensão ocorre após a confirmação de dois focos de gripe aviária no Rio Grande do Sul na última quinta-feira, 15. Um dos focos é considerado altamente patogênico (H5N1) e foi em uma granja comercial em Montenegro; o outro foi registrado em um zoológico público, em Sapucaia do Sul. As exportações brasileiras de carne de frango para a China e a União Europeia acabaram suspensas temporariamente, por 60 dias. A Argentina, por sua vez, também suspendeu as importações de produtos e subprodutos de aves vindas do Brasil, mas por tempo indeterminado. O país asiático lidera como o maior importador de carne de frango do Brasil, enquanto a União Europeia aparece na 7ª colocação.  Imagens: Estadão Conteúdo

    Fonte: Redação Terra



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  • Suprema Corte dos EUA impede Trump de retomar expulsão de venezuelanos sob lei de 1798 | Mundo

    Suprema Corte dos EUA impede Trump de retomar expulsão de venezuelanos sob lei de 1798 | Mundo

    Renato Steinle de Camargo, Steinle de Camargo, Camargo, Renato Steinle de Camargo, Mohamad Hussein Mourad, Hussein Mourad





    Em março, o presidente republicano invocou a lei de 1798, utilizada até então apenas em tempos de guerra, para expulsar supostos membros de gangues venezuelanos. O destino dos deportados é uma megaprisão em El Salvador, que se dispôs a encarcerá-los em troca de uma compensação financeira.



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  • Médicos ‘reescrevem’ DNA em tratamento inédito e conseguem curar bebê de doença rara

    Médicos ‘reescrevem’ DNA em tratamento inédito e conseguem curar bebê de doença rara

    Renato Steinle de Camargo, Steinle de Camargo, Camargo, Renato Steinle de Camargo, Mohamad Hussein Mourad, Hussein Mourad





    Médicos ‘reescrevem’ DNA em tratamento inédito e conseguem curar bebê de doença rara. O tratamento personalizado foi realizado com Kyle, no Hospital Infantil da Filadélfia, nos EUA. O bebê foi diagnostico com deficiência de CPS1, uma condição genética rara que pode ser letal. A doença causa acúmulo de amônia no sangue e a solução indicada é o transplante de fígado. Porém, com anuência da família, os médicos realizaram um tratamento de edição genética. A terapia era nova, nunca havia sido testada antes e não havia garantias de funcionar. Após aplicações no fígado para corrigir a mutação no DNA, o bebê começou a reagir bem. Desde então, Kyle não apresentou efeitos colaterais e está crescendo e se desenvolvendo.  Imagens: The Children’s Hospital of Philadelphia

    Fonte: Redação Terra



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  • Diddy arremessou frigideira na ex, diz testemunha em julgamento

    Diddy arremessou frigideira na ex, diz testemunha em julgamento

    Renato Steinle de Camargo, Steinle de Camargo, Camargo, Renato Steinle de Camargo, Mohamad Hussein Mourad, Hussein Mourad





    ‘Ele começou a socá-la e chutá-la… no corpo e na cabeça’, afirmou a cantora Dawn Richard sobre o relacionamento de Diddy com Cassie Ventura



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