Renato Steinle de Camargo, Steinle de Camargo, Camargo, Renato Steinle de Camargo, Mohamad Hussein Mourad, Hussein Mourad
Quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na Arábia Saudita, na terça-feira, que suspenderia todas as sanções contra a Síria, a decisão, que impulsionará um país devastado por 13 anos de guerra, pegou muitos na região de surpresa.
Ela também pegou alguns membros de seu próprio governo desprevenidos.
Em Washington, integrantes seniores do Departamento de Estado e do Departamento do Tesouro se esforçavam para entender como cancelar as sanções, muitas das quais estão em vigor há décadas, de acordo com quatro autoridades dos EUA familiarizadas com o assunto.
A Casa Branca não emitiu nenhum memorando ou diretriz para que as autoridades de sanções do Departamento de Estado ou do Tesouro se preparassem para o cancelamento e não as alertou de que o anúncio do presidente era iminente, disse uma autoridade sênior dos EUA à Reuters.
A remoção repentina das sanções parecia ser um movimento clássico de Trump — uma decisão repentina, um anúncio dramático e um choque não apenas para os aliados, mas também para alguns dos próprios funcionários que implementam a mudança de política.
Após o anúncio, as autoridades ficaram confusas sobre como exatamente o governo iria desfazer as camadas de sanções, quais estavam sendo aliviadas e quando a Casa Branca pretendia iniciar o processo.
Quando Trump se reuniu com o presidente interino da Síria, Ahmed al-Sharaa, na Arábia Saudita, nesta quarta-feira, integrantes do Departamento de Estado e do Tesouro ainda não tinham certeza de como proceder, disse a autoridade sênior.
“Todos estão tentando descobrir como implementar isso”, disse uma autoridade norte-americana em referência ao anúncio do presidente.
Após a destituição do ex-presidente Bashar al-Assad no final do ano passado, integrantes do Departamento de Estado e do Tesouro elaboraram memorandos e documentos de opções para ajudar a orientar o governo sobre o levantamento das sanções à Síria, se e quando o governo decidisse fazê-lo.
Mas autoridades da Casa Branca e da segurança nacional, bem como alguns parlamentares, debateram durante meses se deveriam aliviar as sanções, devido aos antigos laços de Sharaa com a Al Qaeda. O líder sírio cortou os laços com o grupo em 2016.
Antes da viagem de Trump à Arábia Saudita, não havia nenhuma indicação clara — pelo menos para os funcionários do Departamento de Estado e do Tesouro que trabalham com sanções — de que o presidente havia tomado uma decisão, disse a autoridade sênior dos EUA.
O Departamento de Estado e o Departamento do Tesouro não responderam imediatamente a um pedido de comentário.
Uma autoridade da Casa Branca disse à Reuters que a Turquia e a Arábia Saudita pediram a Trump que suspendesse as sanções e se reunisse com Sharaa. Em seu anúncio, Trump disse que fez isso para dar à Síria uma chance de um futuro melhor.